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“É um dia incrivelmente difícil para todos na Northvolt”: empresa de baterias declara falência na Suécia

Uma das unidades industriais da Northvolt na Suécia.
Uma das unidades industriais da Northvolt na Suécia.
D.R.

Depois de “ter procurado todas as opções disponíveis”, a fabricante sueca “não conseguiu assegurar as condições financeiras necessárias” e declarou falência na Suécia

A competitividade da Europa face à China está, novamente, comprometida. A Northvolt, uma empresa especializada na produção de baterias para automóveis, declarou falência na Suécia.

Num comunicado emitido esta quarta-feira, a fabricante garantiu “ter procurado todas as opções disponíveis para negociar e implementar uma reestruturação financeira, incluindo um processo de reestruturação ao abrigo do Chapter 11 nos Estados Unidos”. Com uma dívida de 5,61 mil milhões de euros, a Northvolt “não conseguiu assegurar as condições financeiras necessárias para continuar na sua forma atual”.

“À semelhança de muitas empresas do sector das baterias, a Northvolt enfrentou, nos últimos meses, uma série de desafios que agravaram a sua situação financeira, incluindo o aumento de custos de capital, a instabilidade geopolítica, as subsequentes perturbações na cadeia de abastecimento e as alterações na procura do mercado”, justificou a empresa.

O caso será, agora, analisado ao pormenor por um administrador sueco nomeado pelo tribunal. Em cima da mesa está a hipótese de venda da empresa e dos seus ativos e a liquidação das obrigações pendentes.

Os cerca de 5 mil funcionários da empresa têm agora um futuro incerto. A fabricante sueca já garantiu que tem estado em “estreita colaboração com as autoridades competentes, os sindicatos e os parceiros para assegurar que os trabalhadores recebem o apoio e a informação de que necessitam”.

“Este é um dia incrivelmente difícil para todos na Northvolt”, comentou Tom Johnstone, Presidente Interino do Conselho de Administração do grupo sueco. “ O resultado é especialmente difícil, tendo em conta não só o nível de envolvimento e interesse que mantivemos com potenciais parceiros e investidores nos últimos meses, mas também a clara melhoria e a trajetória ascendente que temos vindo a observar na produção da Northvolt em Skellefteå”, acrescentou.

A Northvolt era vista pela Europa como a melhor aposta para competir na construção de veículos elétricos, um mercado atualmente dominado pela China. A Comissão Europeia chegou a garantir “vários empréstimos do Banco Europeu de Investimento”, num valor de 313 milhões de dólares, quase 287 milhões de euros, ao câmbio atual. Segundo o jornal britânico “Financial Times”, ao todo, a start-up conseguiu atrair cerca de 15 mil milhões de dólares (13,7 mil milhões de euros) de investimento empresarial e governamental para desenvolver veículos elétricos.

Sobre esse assunto, Tom Johnstone disse continuar a ser fundamental para a Europa “ter uma indústria de baterias local”, considerando contudo que “é uma maratona construir essa indústria”. “É preciso paciência e um empenhamento a longo prazo de todas as partes interessadas”, concluiu.

A Northvolt e a Galp chegaram a estar em negociações sobre um projeto de refinação de lítio em Setúbal, mas a energética portuguesa acabou por abandonar o negócio, na sequência da abertura de um processo de insolvência nos Estados Unidos, pela Northvolt, em novembro.

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