A empresa portuguesa Cleanwatts vai desenvolver um projeto de comunidade de energia renovável no Algarve, ancorado numa central fotovoltaica de 1,56 megawatts (MW) no empreendimento turístico Verdelago, em Castro Marim.
O projeto deverá arrancar no final deste ano e será desenhado de forma a envolver uma centena de famílias carenciadas, às quais será oferecido um desconto da ordem dos 20% face às tarifas médias de eletricidade disponíveis no mercado.
O ponto central desta comunidade será a central fotovoltaica no resort Verdelago, com mais de 2800 painéis solares, que ocuparão cerca de um hectare, dos 86 hectares do empreendimento algarvio.
À semelhança do que acontece com outras comunidades do género, esta central fornecerá parte do consumo de eletricidade do Verdelago com energia verde, com os excedentes da central fotovoltaica a servirem para fornecer eletricidade a outros membros da comunidade, incluindo as famílias de menores rendimentos que virão a ser envolvidas no projeto.
O Verdelago é um empreendimento turístico de luxo, que está a arrancar as suas operações este verão, com mais de meia centena de alojamentos, embora a primeira fase preveja um total de uma centena de alojamentos. Até 2025 o resort será ampliado e ficará com uma capacidade total em torno de 2 mil camas, incluindo um hotel de cinco estrelas.
O projeto em Castro Marim corresponde a um investimento de 270 milhões de euros. Começou a ser pensado em 2001 e recebeu o estatuto de Projeto de Interesse Nacional, mas esteve vários anos parado.
O Verdelago era um dos projetos emblemáticos da Inland, a empresa de promoção imobiliária de Luís Filipe Vieira (antigo presidente do Sport Lisboa e Benfica). Mas a dívida contraída junto do BCP, Novo Banco e Caixa Geral de Depósitos (CGD) e a incapacidade da Promovalor de avançar com o empreendimento levaram o promotor e os bancos a entregar o ativo algarvio ao fundo Aquarius, da Oxy Capital, que ficou com outros projetos imobiliários e turísticos de outros promotores.
Agora o empreendimento é finalmente concretizado, e no final do ano será a âncora de uma comunidade de energia renovável, um conceito que está ainda a dar os primeiros passos em Portugal.
Segundo os dados que a Secretaria de Estado de Energia e Clima facultou ao Expresso em junho, até então tinham dado entrada na Direção-Geral de Energia e Geologia 665 pedidos de licenciamento de unidades de autoconsumo coletivo e 29 pedidos de licenciamento de comunidades de energia renovável.
Apesar dessa procura, em junho só estavam efetivamente operacionais no país cinco projetos de autoconsumo coletivo e uma comunidade de energia renovável.
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