Os gastos das famílias em bens correntes, alimentação e serviços deram gás à economia portuguesa em 2024. Já o investimento cresceu menos do que em 2023 e a balança comercial chegou a penalizar a taxa de crescimento do PIB, principalmente devido à travagem a fundo sentida no turismo e à aceleração das importações
Em 2024, as famílias residentes em Portugal resolveram gastar mais e foram o principal “motor” de crescimento do produto interno bruto (PIB) nesse ano. Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a despesa das famílias foi, entre as grandes componentes da procura interna, a única que registou uma aceleração do crescimento de 2023 para 2024.
E esse crescimento, mostram também os dados, notou-se principalmente na aquisição de bens não-duradouros e serviços pelos particulares. Ou seja, os portugueses aumentaram a despesa em bens de uso único ou mais facilmente descartável, como alimentação, produtos de higiene, vestuário, ou calçado; e em serviços, categoria que vai das idas ao cabeleireiro às consultas médicas.
Em contraciclo, o investimento, que agrega tanto o público como o privado, cresceu menos do que em 2023. E a balança comercial, que deu um contributo positivo para o crescimento do PIB no pós-pandemia, foi penalizadora no ano passado: a forte travagem do turismo e o aumento das importações aliaram-se para desequilibrar negativamente a procura externa líquida portuguesa em 2024.
Sem o impacto negativo de -0,6 pontos percentuais da procura externa líquida (as exportações menos as importações), só a procura interna (que inclui o consumo privado, público e o investimento) teria feito o PIB crescer 2,5%.
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