Economia

Tráfego no Canal do Suez caiu 55% no primeiro trimestre de 2024

Tráfego no Canal do Suez caiu 55% no primeiro trimestre de 2024
KHALED ABDULLAH/Reuters

A crise no Mar Vermelho já provocou o desvio de 2900 navios desde o início dos ataques hutis e reduziu o tráfego comercial no Canal do Suez em 55% nos primeiros três meses do ano, segundo o balanço publicado esta sexta-feira pelo portal PortWatch do FMI e da Universidade de Cambridge

O tráfego comercial no Canal do Suez caiu 55% no primeiro trimestre de 2024, segundo o balanço publicado esta sexta-feira pelo portal PortWatch, uma iniciativa do Fundo Monetário Internacional em colaboração com a Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

No último dado disponível para 31 de março, a média a sete dias do trânsito no canal tinha caído para 34 navios por dia, quando um ano antes se situava em 71.

No balanço feito pelo PortWarch, já 2900 navios mercantes desviaram a rota do Mar Vermelho para o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul desde que os hutis do Iémen iniciaram ataques no Mar Vermelho e no Golfo de Adem. O estreito nevrálgico na zona situa-se em Bab-el-Mandeb.

A rota do Cabo, iniciada pelos portugueses no final do século XV, viu o tráfego disparar 76% no primeiro trimestre deste ano, ainda segundo dados da PortWatch.

O portal Armed Conflict Location and Event Data Project reportou esta semana que, desde 11 de novembro de 2023, aquando do assalto huti ao Galaxy Leader, já se registaram 76 incidentes no Mar Vermelho e Golfo de Adem, dos quais 53 ataques a navios mercantes até 23 de março. O último ataque foi ao petroleiro Huang Pu de Hong Kong, apesar do salvo conduto dado pelos hutis à China.

O canal do Suez representava, antes dos ataques hutis no Mar Vermelho, 15% do comércio marítimo mundial. O grosso do movimento através do Canal são petroleiros e porta contentores. Para a entrada de divisas no Egipto representou 15% no ano fiscal de 2022/23.

Os ataques hutis no Mar Vermelho e Golfo de Adem são um conflito colateral à guerra entre Israel e o Hamas. A principal economia afetada pela crise na rota do Suez é o Egito, que, também, está a ser afetado pelo impacto da crise no turismo e na liquefação e reexportação de gás natural. Os impactos diretos e indiretos da crise do Mar Vermelho e da guerra em Gaza acumulam-se à crise financeira grave que o país atravessa. Este ano já foi resgatado por um investimento de 35 mil milhões de dólares dos Emirados Árabes Unidos, por um programa de 8 mil milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional e por um outro de 6 mil milhões de dólares pela União Europeia. Ao todo, 49 mil milhões de dólares (€45 mil milhões).

Desde 18 de dezembro, a zona é patrulhada por uma frota de guerra da coligação batizada “Operação Guardião da Prosperidade”, integrando oficialmente 14 países, liderada pelos Estados Unidos e Reino Unido, e envolvendo quatro membros da União Europeia (Dinamarca, Finlândia, Grécia e Países Baixos). Os EUA iniciaram ataques a posições hutis desde 12 de janeiro.

A 28 de março, dois navios da frota russa do Pacífico entraram no Mar Vermelho.

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