Economia

Bruxelas revê em baixa ligeira a previsão de crescimento de Portugal deste ano

Bruxelas revê em baixa ligeira a previsão de crescimento de Portugal deste ano
Yves Herman/Reuters

Ns previsões económicas de inverno, a Comissão Europeia manteve, em geral, as suas perspetivas para Portugal. O PIB nacional deverá crescer ligeiramente menos face ao antecipado em novembro, e a inflação deverá abrandar mais depressa em 2024

Depois de um ano 2023 de forte crescimento económico, muito acima do das grandes economias europeias, Bruxelas reviu em baixa ligeira as perspetivas de crescimento para a economia portuguesa para 2024 e não mexeu na sua previsão para 2025. O abrandamento antecipado para 2024 deve-se à queda do comércio externo, um fator negativo limitado em parte pela melhoria dos níveis de consumo privado, sugerindo um aumento efetivo do poder de compra dos residentes em Portugal.

“Considerando a baixa procura dos principais parceiros comerciais, o crescimento económico deverá continuar a ser ténue no início de 2024, ganhando impulso depois apenas de forma gradual”, descreve a Comissão no capítulo relativo a Portugal das previsões de inverno.

De acordo com as previsões económicas de Inverno da Comissão Europeia, divulgadas esta quinta-feira, 15 de fevereiro, Portugal deverá crescer 1,2% este ano. É uma ligeira revisão em baixa face às previsões de outono, divulgadas em novembro, nas quais se antecipava um crescimento de 1,3%.

Bruxelas está, assim, mais pessimista do que o Governo na sua previsão de crescimento inscrita no Orçamento do Estado de 2024, que apontava para um aumento de 1,5% do produto; mas está totalmente alinhada com a previsão mais recente do Banco de Portugal, que sugere um crescimento de 1,2% para este ano.

Mesmo assim, Portugal deverá fechar o ano com um crescimento económico superior ao estimado para a União Europeia (0,9%) e para a zona euro (0,8%).

Para 2025, a previsão de inverno é a mesma da já avançada em novembro, estimando-se um crescimento de 1,8% do PIB em Portugal, abaixo da previsão do Banco de Portugal, que aponta para os 2,2%.

A Comissão, entretanto, destaca que o consumo privado “deverá beneficiar de um aumento firme do emprego e dos salários, compensando globalmente a subida das despesas familiares nos juros de créditos à habitação”.

No que concerne ao investimento privado, “a implementação em curso do Plano de Recuperação e Resiliência continuará a respaldar os níveis de investimento”. No comércio externo, “as importações deverão ultrapassar as exportações”, prevê Bruxelas.

Relativamente ao ano 2023, Portugal terminou-o com um crescimento do PIB de 2,3%, o quinto maior crescimento económico dos 27, muito acima da média da UE e da zona euro (ambas de 0,5%).

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De boletim a boletim, a Comissão Europeia tem vindo a esfriar as suas previsões para 2024 relativas à economia portuguesa. O abrandamento da atividade económica é um dado adquirido para Bruxelas, que tem vindo a diminuir paulatinamente as suas previsões para a totalidade do ano de 2024: na primavera do ano passado o cenário era de uma subida de 1,8% do PIB.

O País estará, quando terminar o ano, longe do pelotão do crescimento económico. Deverá ser só a 16.ª economia, entre os 27, empatada com a Irlanda, que mais cresce em 2024; ainda assim acima do crescimento previsto para dínamos económicos europeus como a Alemanha (0,3%), Itália (0,7%) e França (0,9%). A linha da frente é, na sua maioria, preenchida por países do Mediterrâneo Central e Oriental e Leste europeu: os maiores aumentos do produto dar-se-ão em Malta (4,6%), na Roménia (2,9%), Chipre (2,8%) e na Polónia (2,7%).

Inflação abranda mais depressa

Em 2024, Portugal também terá deixado para trás o surto inflacionista dos últimos anos, antecipando-se que feche o ano com uma taxa de inflação harmonizada de 2,3%; mais alinhada com a meta de longo prazo para o ritmo de subida de preços, fixado nos 2%. Para 2025, a previsão é de uma taxa de 1,9%. Ambas as previsões ficam abaixo das avançadas no outono para os mesmos períodos. E já estão bem longe da taxa de inflação média de 5,3% do ano passado e de 8,1% em 2022.

A queda dos preços da energia e menores aumentos de preço nos bens alimentares deverão ser os principais fatores de desinflação em 2024 para a economia portuguesa. “Os preços dos serviços também deverão contribuir para a desinflação mas a um ritmo muito mais lento, já que o aumento esperado dos salários e do emprego deverá impulsionar a procura pelos consumidores”, avalia Bruxelas.

Mas a trajetória vai ser desigual ao longo dos meses, alerta. “Na primeira metade de 2024, o processo de desinflação deverá ser temporariamente pouco intenso devido a efeitos base no setor da energia e ao reesstabelecimento das taxas de IVA normais nos bens alimentares essenciais”

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