Economia

Bruxelas mais do que duplica previsão de crescimento da economia portuguesa este ano

Bruxelas mais do que duplica previsão de crescimento da economia portuguesa este ano
JOHANNA GERON/REUTERS

A Comissão Europeia espera que o Produto Interno Bruto (PIB) português avance 2,4% este ano, quando em fevereiro apontava para 1%. Número fica muito acima da projeção do Governo. Cenário de crescimento para a zona euro e para o conjunto da União Europeia também melhorou, mas fica longe de Portugal

A Comissão Europeia (CE) reviu em forte alta o seu cenário para o crescimento da economia portuguesa este ano. Nas projeções da primavera de 2023, divulgadas esta segunda-feira, antecipa que o Produto Interno Bruto (PIB) português avance 2,4% este ano, quando em fevereiro apontava para apenas 1%.

É um número muito acima do inscrito pelo Governo no Programa de Estabilidade, publicado em abril, que ficou pelos 1,8%. Fica, contudo, ligeiramente abaixo dos 2,6% avançados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na semana passada.

Caso se confirmem as projeções de Bruxelas, Portugal vai crescer mais do dobro da zona euro e do conjunto da União Europeia (UE) este ano. É que apesar das previsões para o espaço da moeda única e para o conjunto dos 27 também terem sido revistas em alta, ficam longe do cenário traçado para Portugal.

Com um crescimento mais forte, Bruxelas estima um défice de apenas 0,1% em 2024, abaixo dos 0,4% previstos por Fernando Medina. A explicação está “nas receitas fiscais”, como “o principal motor deste crescimento, em especial as provenientes da tributação indireta, refletindo ainda a manutenção de preços elevados”.

Prevê-se que as despesas públicas continuem a expandir, embora a um ritmo inferior ao das receitas, com atenção para o peso das “prestações sociais e a massa salarial do sector público”. Já o investimento público deverá aumentar em 2023 e 2024, impulsionado pela implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e de outros programas europeus.

Inflação recua mas continua acima dos 5% em 2023

Quanto à inflação, está em linha com os 5,1% do Governo. Os técnicos europeus consideram que o Iva Zero nos bens essenciais deverá ajudar a moderar os preços nos produtos alimentares. Já os aumentos dos salários deverão continuar a pressionar o preço dos serviços.

“A inflação deverá registar uma nova moderação ao longo do horizonte de previsão, impulsionada inicialmente pelo índice de preços da energia e, posteriormente, pelos produtos alimentares e não industriais. Em 2023, a moderação dos preços dos géneros alimentícios é igualmente apoiada por uma suspensão das taxas de IVA para os produtos alimentares essenciais”, pode ler-se.

Globalmente, prevê-se que a inflação se situe em 5,1% em 2023 e 2,7% em 2024. “Espera-se que a inflação subjacente se mova um pouco acima da taxa global, uma vez que a recuperação projetada dos rendimentos reais pesará sobre os preços dos serviços, que também deverão moderar, mas a um ritmo mais suave”.

A CE antecipa que a zona euro cresça 1,1% este ano, apontando para 1% no conjunto da UE.

Recorde-se que no ano passado, a economia portuguesa cresceu 6,7%, número bem acima dos 3,5% da zona euro e do conjunto dos 27.

Já a previsão para o crescimento da economia portuguesa em 2024 foi mantida inalterada, nos 1,8%. Número que compara com 1,6% para a zona euro e com 1,7% para o conjunto da UE.

“A economia europeia continua a mostrar resiliência num contexto desafiante”, destaca a CE. E frisa que “preços da energia mais baixos, diminuição dos constrangimentos na oferta e um mercado de trabalho forte suportaram um crescimento moderado no primeiro trimestre de 2023, dissipando receios de uma recessão”.

Sobre Portugal, Bruxelas destaca o forte crescimento nos primeiros três meses do ano, impulsionado pelo turismo.

Bruxelas avisa, contudo, que “a procura interna permaneceu fraca”, já que “o consumo privado foi constrangido pelo declínio no poder de compra das famílias nos trimestres anteriores e os investidores foram confrontados com taxas de juro mais altas”.

Neste contexto, “é projetado que o crescimento enfraqueça no segundo trimestre de 2023 antes de acelerar de novo nos trimestres seguintes”.

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