A evolução da economia portuguesa no segundo trimestre deste ano ficou abaixo das expetativas dos economistas, com o Produto Interno Bruto (PIB) a avançar 2,3% em termos homólogos, ou seja, em relação ao mesmo período do ano passado. Já na comparação em cadeia, ou seja, em relação aos três meses anteriores, registou-se uma variação nula.
Os dados são da estimativa preliminar do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicada esta segunda-feira, e comparam com uma variação homóloga de 2,5% e uma variação em cadeia de 1,6% no primeiro trimestre deste ano. Isto significa que o crescimento abrandou em termos homólogos, e sofreu uma forte travagem em cadeia.
Os números publicados pelo INE ficam abaixo das expetativas dos economistas.
Como o Expresso tinha adiantado a meio de julho, em antecipação aos dados agora publicados pelo INE, as projeções dos economistas apontavam, em média, para um crescimento de 2,5% em termos homólogos - em linha com o primeiro trimestre -, e de 0,2% em cadeia - o que significava um forte abrandamento na variação trimestral face aos primeiros três meses do ano. Ainda assim, mantinha a economia portuguesa no verde, com os economistas a antecipar que o impulso do turismo ajudasse a evitar males maiores.
Os números foram, afinal, inferiores, ainda que uma contração em cadeia tenha sido evitada.
O que explica este abrandamento da economia portuguesa? Os resultados detalhados das Contas Nacionais Trimestrais relativas ao segundo trimestre trimestre de 2023 só serão divulgados pelo INE no final de agosto, mas a autoridade estatística nacional já deixa pistas.
Assim, a ‘culpa’ esteve na frente externa.
De facto, o INE adianta que “o contributo positivo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB foi inferior ao do trimestre anterior, observando-se uma desaceleração das exportações de bens e serviços em volume mais acentuada que a das importações de bens e serviços”.
Isto num contexto em que, no segundo trimestre, o deflator das importações (que traduz a evolução dos preços subjacentes às importações, por forma a fazer a passagem dos valores nominais para valores reais) “foi negativo em termos homólogos, reduzindo-se significativamente face ao observado no trimestre anterior”, aponta o INE.
Uma situação que determinou "um aumento dos ganhos dos termos de troca [relação entre os preços das exportações do país e os das suas importações], apesar do abrandamento do deflator das exportações”, escreve o INE.
Em sentido contrário, “o contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou, em comparação com o observado no trimestre precedente”, salienta o INE. Foi o resultado de “uma redução menos pronunciada do investimento, tendo o consumo privado registado um ligeiro abrandamento”.
Já olhando para a travagem da economia portuguesa face ao trimestre anterior - variação em cadeia nula -, o INE salienta que "o contributo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB foi negativo, após ter sido positivo no primeiro trimestre, em consequência do comportamento das exportações". Esta evolução, compensou “o aumento do contributo da procura interna, que refletiu a aceleração do consumo privado”.
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