Foi a 9 de fevereiro de 1980 que o rosto de Aníbal Cavaco Silva começou a tornar-se familiar para muitos portugueses. Nessa noite, o então (quase) desconhecido ministro das Finanças de Sá Carneiro — cujo Governo tinha entrado em funções há pouco mais de um mês — apresentou ao país, através da emissão da RTP, o pacote anti-inflação aprovado nesse dia em Conselho de Ministros. O Executivo avançava com 15 medidas, onde se destacava a revalorização do escudo — ao arrepio da desvalorização seguida nos anos anteriores e que era um dos pilares das recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI) — para conter a escalada dos preços, que estava há três anos acima dos 20%.
A inflação baixou em 1980, até mais do que o previsto, a economia acelerou e os salários reais aumentaram — mais uma vez invertendo a política dos anos anteriores, recomendada pelo FMI. Mas o recuo da inflação foi pontual, subindo logo em 1981, já no Governo de Pinto Balsemão, depois da queda do avião onde seguiam Sá Carneiro e Amaro da Costa ter ditado o fim do Executivo. Além disso, o défice externo regressou — agravando-se nos anos seguintes — e o saldo negativo das contas públicas acentuou-se. Três anos depois, em 1983, Portugal assina novo acordo — duro — com o FMI.
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