Economia

Novo Banco procura quarto administrador financeiro da era Lone Star

Novo Banco procura quarto administrador financeiro da era Lone Star
Ana Baiao

Atual responsável pelas finanças do Novo Banco pediu para sair por razões pessoais. Presidente executivo vai acumular funções financeiras até haver substituição. Mudanças acionistas poderão marcar o futuro do banco

O Novo Banco está à procura de um novo administrador financeiro. Será o quarto desde que a Lone Star adquiriu o controlo da instituição bancária portuguesa, em 2017, ano a partir do qual o banco consumiu 3,4 mil milhões de euros dos cofres públicos. Será um novo responsável num momento em que o Novo Banco se encaminha para mudanças acionistas, com a possibilidade de ir para a bolsa (sem que a hipótese de venda alguma vez tenha saído de cima da mesa).

Ao sétimo mês a exercer funções como CFO (sigla em inglês para chief financial officer, administrador financeiro do Novo Banco), Leigh Bartlett acordou a saída de funções, por motivos de ordem pessoal. “O Novo Banco, S.A. informa que o Conselho Geral e de Supervisão acordou com Leigh Bartlett, a seu pedido e por razões pessoais, a cessação das suas funções no Conselho de Administração Executivo, em que desempenhava o cargo de chief financial officer, com efeitos a partir do dia 30 de dezembro de 2022”, segundo o comunicado do banco à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Vindo do britânico Masthaven Bank, Bartlett entrou no Novo Banco no verão deste ano, quando Mark Bourke, que então era o administrador com o pelouro financeiro, foi escolhido para suceder a António Ramalho como presidente executivo.

Sem prazo para substituição

Temporariamente Bourke é agora quem vai ocupar o vazio deixado com a saída do gestor britânico, acumulando com a liderança: “No período decorrente entre o final do ano e uma nova nomeação, Mark Bourke irá também desempenhar funções de CFO interino”. Antes de Bourke e de Leigh Bartlett o lugar de CFO era ocupado por Jorge Freire Cardoso, que já lá estava desde antes da entrada da Lone Star.

Assim, por agora e até haver substituição, a administração executiva do Novo Banco contará com seis membros, sendo que sai um dos três elementos vindos de fora do país. Não há prazo para vir quem o sucedeu.

Agora, é preciso encontrar o quarto administrador financeiro da história pós-compra da Lone Star, os últimos cinco anos. Isto num período em que a Caixa Geral de Depósitos teve apenas dois responsáveis pelas finanças (José de Brito e Maria João Carioca) e o Banco Comercial Português só um (Miguel Bragança).

“Vão ser desencadeados pelo órgão competente, o Comité de Nomeações do Conselho Geral e de Supervisão, os procedimentos com vista à sua sucessão, e as suas conclusões serão anunciadas oportunamente, logo que concluído o processo”, indica o banco no comunicado, sem adiantar qual a opção escolhida. Neste tipo de casos, é comum recorrer a processos internacionais de recrutamento.

Ida para a bolsa

Para o futuro próximo, o novo responsável financeiro terá uma missão já definida: que o banco esteja preparado para alterações acionistas. Atualmente detido em 75% pela Lone Star, o Novo Banco tem uma parcela de 19% do seu capital nas mãos do Fundo de Resolução e o Tesouro tem diretamente outros 6%, mas o discurso publicamente colocado pela gestão do banco é a de recorrer a um possível IPO, uma oferta pública inicial, com a colocação de parte do capital em bolsa, disperso por outros investidores. Aliás, essa opção já foi transmitida aos trabalhadores.

Qualquer um dos três acionistas tem um perfil vendedor, pelo que, de qualquer forma, a venda não sai de cima da mesa, tendo em conta até a consideração do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, de que é “inevitável” que haja consolidação no sector bancário português.

Continuando a apresentar lucros, o controlo de custos continua a ser uma missão, sendo que também é obrigatório elevar o volume de negócios, e as receitas daí extraídas. Na verdade, o resultado pré-imparidades foi um dos indicadores que o Novo Banco não cumpriu do seu plano de reestruturação, que deveria ter acabado no ano passado, mas que permanece ainda sob avaliação da Comissão Europeia.

Mesmo que tenha lucros, o Novo Banco tem ainda cerca de 450 milhões de euros para poder pedir ao Fundo de Resolução no âmbito do acordo criado em 2017 na venda à Lone Star, depois de já terem sido gastos 3,4 mil milhões de euros. Dinheiro que poderá ser esgotado caso o Novo Banco ganhe os processos nos tribunais (judicial e arbitral) que tem contra o Fundo de Resolução.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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