Os bancos a operar em Portugal aumentaram os juros nos seus novos depósitos para valores que não se via há cinco anos. Porém, continuam bastante abaixo da remuneração paga pela média dos bancos na zona euro. Aliás, em outubro não atingiam sequer os juros com os quais nos outros países já se remunerava os novos depositantes desde julho.
“Em outubro, o montante de novos depósitos a prazo de particulares foi de 4726 milhões de euros, remunerados a uma taxa de juro média de 0,24%”, segundo o comunicado emitido pelo Banco de Portugal esta sexta-feira, 2 de dezembro, com os dados sobre os juros de créditos e depósitos.
“Esta taxa é a mais elevada desde novembro de 2017 e representa a maior subida mensal desde fevereiro de 2012”, continua a explica a autoridade bancária.
Mas são subidas que não invertem a tendência histórica em que o sector português paga menos do que os restantes bancos europeus no que diz respeito aos juros da zona euro. Em julho, a taxa média europeia já era de 0,26%, sendo que em outubro já disparou para 0,83%. Aliás, nos primeiros meses de 2020, antes da pandemia de covid-19, houve um período em que a média da área do euro era superior às remunerações que em outubro de 2022 são atribuídas na banca nacional.
Os bancos nacionais (sobretudo os de menor dimensão) estão a subir ligeiramente as remunerações, ainda que de forma muito inferior àquele que é o agravamento que impõem aos créditos concedidos, devido à subida das taxas Euribor, que, por sua vez, segue e antecipa a evolução da taxa de juro ditada pelo Banco Central Europeu, que está em 2%. Isto quando a inflação está em 10%.
Com níveis de liquidez em máximos, a banca não tem incentivos a captar depósitos adicionais, até porque a expetativa é que não consiga depois convertê-los em crédito devido à crise e aos maiores custos. Os banqueiros têm dito que será a concorrência a ditar se e quando os juros dos depósitos vão aumentar significativamente - os juros dos depósitos não são indexados às Euribor, como os créditos, por isso podem não respeitar a sua evolução.
Bancos europeus já remuneram melhor as empresas
Também os juros dos novos depósitos a empresas na banca portuguesa aumentaram em outubro, passando de 0,26% para 0,44%, sendo que a remuneração é inferior àquela que é paga na média da zona euro, que em setembro já atingira os 0,68% e que, um mês depois, chegou aos 0,90%, de acordo com os dados do BCE.
Nos anos de juros em mínimos do euro (incluindo negativos nos depósitos no BCE), as empresas portuguesas beneficiaram do facto de ser proibido aplicar juros negativos aos depósitos (o que obrigaria os clientes a pagar), o que podia acontecer nos outros países. Quando esses juros negativos deixaram de existir, os juros das empresas europeias dispararam e superaram os que serão pagos aos depósitos das empresas portuguesas.
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