Quando a pobreza aumenta na América Latina, grupo Jerónimo Martins reforça investimentos na Colômbia, porquê?

“O aumento da pobreza na América Latina é uma preocupação grande, mas não condiciona os nossos planos", diz Pedro Soares dos Santos
“O aumento da pobreza na América Latina é uma preocupação grande, mas não condiciona os nossos planos", diz Pedro Soares dos Santos
A ONU é clara no quadro que traça para a América Latina: “Os níveis esperados de pobreza extrema em 2022 representam uma regressão de um quarto de século” na América Latina e Caraíbas onde mais de 200 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza e 82 milhões em pobreza extrema. A informação, divulgada em cima da inauguração da loja número mil da Ara, insígnia do grupo Jerónimo Martins na Colômbia, não apanhou o empresário Pedro Soares dos Santos de surpresa nem condiciona os projetos do grupo do Pingo Doce para o país.
“Os dados da ONU são obviamente uma preocupação para todos nós e refletem uma inflexão na trajetória que esta zona do mundo estava a seguir porque até à pandemia a situação estava a ser combatida e controlada com alguma eficiência. Agora o quadro mudou. A Covid-19 fez o quadro geral mudar, houve um grande recuo no que respeita ao combate à pobreza e isso sente-se, obviamente, no consumo”, admite ao Expresso depois de inaugurar a loja mil da cadeia Ara em Cartagena, sábado passado.
Há pelo menos uma insígnia de distribuição que já fechou no país, mas Pedro Soares dos Santos garante que no caso concreta da Ara, “não há impacto no consumo”. O nível anual de investimento, superior a 200 milhões de euros em 2022, vai continuar no próximo ano, o ritmo de inaugurações continua a acelerar e a adesão dos consumidores, que na Colômbia são tratados pelo grupo como “vizinhos”, mantém-se.
A fila de espera para entrar na loja mil, inaugurada pelas 10h, começou às 3 da manhã e todos passaram a porta da entrada ao ritmo do hino da marca, a dançar e a cantar “Mis vecinas y vecinos, ha llegado el grand dia para que el barrio ahorre, disfrute y ria, porque queremos llenar tu vida de alegria”, assumindo que chegou o grande dia para o bairro poupar e rir e encher as suas vidas de alegria.
“Connosco as coisas continuam a correr bem” diz reiterando o objetivo “tomado de forma consciente” de chegar à liderança do retalho alimentar no seu segmento no país em 2 ou 3 anos, o que deverá, também, colocar a Ara no segundo lugar do ranking dos negócios do grupo, entre a Biedronka, na Polónia, e o Pingo Doce em Portugal, no curto prazo.
A fundamentar esta confiança fala da estratégia da Ara “democratizar o acesso da população aos alimentos e outros bens” com um conjunto de 70 marcas próprias como, por exemplo, a Nazu que “veio abrir o sector da cosmética a pessoas com menos recursos”, ou até os vinhos, portugueses incluídos, em especial o verde, vendido na zona do Caribe com a indicação para “beber fresco”.
Fala também da certeza de a marca Ara já fazer parte da cultura dos colombianos que até criaram um diminutivo para se referirem às lojas “arita” onde os lemas são “Ara é alegria”, “Ara é preços baixos”, “Ara é alegria ao melhor preço”. E não esquece “o potencial de um país com uma população jovem, em crescimento, onde o grupo abriu mais de 400 das suas mil lojas nos últimos dois anos e já conseguiu implantar-se em 326 municípios, mas ainda tem outros 774 para conquistar".
“Ainda temos muito para andar aqui na Colômbia”, afirma sobre um negócio que depois de faturar 1,1 mil milhões de euros em 2021, somou vendas de 1,29 mil milhões nos primeiros 9 meses de 2022, o ano em que o grupo celebra os seus 230 anos como o maior investidor português na Colômbia e um lugar no top 20 das maiores empresas no país.
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