Atividade económica em Portugal agrava queda em novembro face a 2021
Atividade económica no país está a recuar mais de 3% face ao mesmo período do ano passado, sinaliza indicador do Banco de Portugal
Atividade económica no país está a recuar mais de 3% face ao mesmo período do ano passado, sinaliza indicador do Banco de Portugal
Jornalista
A atividade económica em Portugal entrou em novembro a recuar por comparação com a mesma altura do ano passado e a queda tem vindo a acentuar-se. É isso que sinaliza o indicador diário de atividade económica (DEI), calculado pelo Banco de Portugal (BdP). Os dados foram atualizados esta quinta-feira e, segundo uma nota publicada pelo BdP na sua página na internet, “na semana terminada a 13 de novembro, o indicador diário de atividade económica (DEI) aponta para uma taxa de variação homóloga da atividade inferior à observada na semana anterior”.
Nessa semana – que abrange o período entre 7 de novembro e 13 de novembro –, a média móvel semanal do DEI indica uma queda homóloga da atividade económica de 3,3%.
Isto depois de na semana anterior – que abrange o período entre 31 de outubro e 6 de novembro – ter recuado 0,6%. Já na semana terminada a 30 de outubro, sinalizava um crescimento de 3,7%.
A conjugação da persistência de elevada inflação, com a subida das taxas de juro, a crise energética, e a incerteza sobre a evolução da economia nos próximos meses - em Portugal e na Europa - parece estar a cobrar o seu preço.
Aliás, a Comissão Europeia, nas projeções divulgadas no final da semana passada, aponta mesmo para uma recessão técnica na União Europeia, na zona euro e em muitos Estados-membros - Portugal incluído - entre o quarto trimestre deste ano e o primeiro trimestre de 2023. Isto significa que nesses dois trimestres Bruxelas espera que o Produto Interno Bruto (PIB) recue em cadeia, ou seja, em relação aos três meses anteriores.
No caso de Portugal, o cenário traçado pela Comissão é de uma ligeira contração em cadeia de 0,1% nos últimos três meses deste ano, seguida por nova queda ligeira de 0,1%, em cadeia, nos primeiros três meses do próximo ano.
Ainda assim, Bruxelas antecipa um forte crescimento da economia portuguesa no conjunto deste ano, com o PIB a avançar 6,6% - o segundo valor mais elevado entre os 27 países da UE. Para 2023 espera um forte abrandamento, mas, ainda assim, com a economia a manter-se no verde, com um crescimento de 0,7%.
Aliás, depois de afastar um cenário mais gravoso de eventual racionamento dos abastecimentos de gás neste inverno - considerando que os níveis de reservas parecem suficientes para enfrentar este inverno - a Comissão aponta também para um ligeiro crescimento em 2023 na zona euro e na União Europeia. O cenário é uma expansão do PIB de 0,3%.
O BdP calcula também a taxa trienal do DEI, que traduz o crescimento acumulado num período de três anos, ou seja, entre 2019 - antes da crise pandémica - e 2022.
Este indicador estava em terreno positivo fevereiro, sinalizando que a atividade económica em Portugal estava acima do patamar pré-crise.
Contudo, desde setembro tem oscilado entre valores negativos e positivos. E, na semana terminada a 13 de novembro indica uma queda de 4,1%, sinalizando que a atividade económica no país ficou abaixo do registado no mesmo período de 2019, antes da pandemia.
Trata-se de um agravamento face ao recuo de 0,5% registado na semana anterior.
O DEI é um indicador compósito, calculado pelo BdP, que reúne dados de alta frequência e procura traçar um retrato, quase em tempo real, da evolução da atividade económica em Portugal. Assim, cobre diversas dimensões, sumariando a informação das seguintes variáveis diárias: tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, consumo de eletricidade e de gás natural, carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes. Os dados são habitualmente atualizados à quinta-feira pelo BdP, podendo os valores passados ser revistos pelo banco central.
O BdP publicou ainda esta quinta-feira os indicadores coincidentes mensais para a atividade económica e para o consumo privado relativos a outubro. E que mostram um novo abrandamento.
"Em outubro, os indicadores coincidentes para a atividade económica e para o consumo privado voltaram a apresentar uma taxa inferior à do mês anterior", escreve o banco central, numa nota publicada na sua página da internet.
Segundo os dados do BdP, em outubro, o indicador coincidente para a atividade económica - que procura captar a tendência de evolução do PIB - registou em outubro uma taxa de variação homóloga de 5,4%. Este valor compara com 5,7% em setembro, 6% em agosto, 6,4% em julho, e 6,7% em junho.
Quando ao indicador coincidente para a consumo privado - que procura captar a tendência de evolução deste agregado macroeconómico -, a variação homóloga em outubro abrandou para 2,4%. Valor que compara com 2,9% em setembro, 3,5% em agosto, 4,2% em julho, e 5% em junho.
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