Economia

“A isso impôs a minha consciência”: Assis justifica recuo na apresentação do livro de Carlos Costa (onde há várias figuras do PSD e não só)

“A isso impôs a minha consciência”: Assis justifica recuo na apresentação do livro de Carlos Costa (onde há várias figuras do PSD e não só)
MÁRIO CRUZ/Lusa

O líder do CES queria evitar interpretações de hostilidade para com António Costa se fosse dar a cara pelo livro “O Governador”. Lançamento conta com várias figuras do PSD (e algumas do PS)

Era um dos dois nomes que ia apresentar o livro com as memórias de Carlos Costa, mas a posição de António Costa, que vai processar o ex-governador precisamente pelas declarações que ali constam, fê-lo mudar de posição: Francisco Assis não quis que a sua presença fosse interpretada como “hostilidade” perante o primeiro-ministro.

Apesar de não ter estado presente na apresentação desta terça-feira, 15 de novembro, como já noticiado, o evento na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, começou com a leitura da declaração escrita em que justifica a sua posição.

“Entendi que era meu dever abster-me de participar num ato em que presença seria interpretada como hostilidade” para com António Costa, defendeu o presidente do Conselho Económico e Social na sua declaração escrita.

A declaração foi lida perante figuras como os ex-Presidentes da República Ramalho Eanes e Cavaco Silva, o primeiro-ministro no primeiro mandato de Carlos Costa, Passos Coelho, e muitas outras figuras do PSD e do CDS, como Pires de Lima, Faria de Oliveira, Miguel Cadilhe e Paula Teixeira da Cruz.

Do PS, destacou-se a presença de Fernando Teixeira dos Santos.

A antiga procuradora Joana Marques Vidal foi outra das personalidades presentes que ouviu as palavras deixadas por Francisco Assis, por em causa estar “o facto ocorrido na semana passada: o senhor primeiro-ministro declarou publicamente que uma afirmação constante do depoimento afeta a sua honra”. Carlos Costa diz que António Costa o pressionou para não afastar a investidora angolana Isabel dos Santos da administração do Banco BIC, em 2016; o primeiro-ministro recusa alguma vez ter dito que “não se pode tratar mal a filha de um Presidente de um país amigo de Portugal”, como defende o ex-governador do Banco de Portugal, e já contratou um advogado para o processar judicialmente - mesmo que o livro só chegue às bancas esta terça-feira.

“No momento em que tive conhecimento de tal reação, optei por não estar presente”, aponta a declaração escrita. “Não foi uma decisão agradável, mas a que isso impôs a minha consciência”, continuou. Os 30 anos de vida que partilha na vida pública com António Costa fê-lo tomar a decisão pelo respeito pela “dignidade pessoal” que o líder do Executivo sentiu ser atacada.

Ainda assim, Assis elogiou o facto de Carlos Costa optar por falar, em vez de se manter em silêncio, mesmo que as memórias sejam publicadas mais de dois anos depois de sair do Banco de Portugal, para onde entrara em 2010 e onde desde 2015 teve de lidar com António Costa no Governo.


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