Três quartos dos portugueses acreditam que é o momento para a transição ecológica por causa da guerra e dos elevados preços da energia
Horacio Villalobos
Os portugueses acham que a transição ecológica deve acelerar e querem que as empresas poluentes paguem mais impostos, indica inquérito do BEI. Maioria antevê catástrofe se não houver menos consumo de energia, mas só 16% consideram prioritário reduzir o seu consumo
Três quartos dos portugueses dizem que a guerra na Ucrânia e os elevados preços da energia deveriam acelerar a transição ecológica. A maioria dos portugueses deseja ainda que as atividades poluentes paguem mais impostos.
Estas são algumas das conclusões do mais recente inquérito anual sobre o clima realizado em agosto e divulgado esta quinta-feira pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), instrumento financeiro da União Europeia (UE). O inquérito contemplou mais de 28 mil pessoas na UE, com mais de 15 anos, em 30 países.
De todos os inquiridos, os portugueses mostraram ser o quinto grupo que mais acredita que a invasão russa da Ucrânia e as suas repercussões (como os elevados preços da energia, e não só) deveriam impulsionar a aceleração da transição ecológica, com 75% dos inquiridos portugueses a responder nesse sentido. Na UE a média é de 66%.
Os preços são, aliás, a nova maior preocupação dos portugueses, em vez da covid-19, como em 2021. Agora, a inflação é apontada como o principal desafio por 59% dos inquiridos, o que compara com 36% no resto da UE.
Mais de um terço dos portugueses (37%) considera ainda que as alterações climáticas são um dos principais desafios que o país enfrenta (mais 9 pontos percentuais que em 2021) e 82 % disse sentir os efeitos das alterações climáticas na sua vida quotidiana.
Quase 100% dos inquiridos considerou que se não reduzirmos drasticamente o nosso consumo de energia e de bens nos próximos anos, enfrentaremos uma catástrofe mundial (92%) e que a ação do Governo é demasiado lenta (93%).
Os portugueses querem que o Governo “dê prioridade ao desenvolvimento das energias renováveis (60%), antes de se concentrar na diversificação do aprovisionamento energético para evitar a dependência excessiva de um único fornecedor (24%)”.
Algo que não querem é poupar energia, tal como na UE. Apenas 16% (contra 19% na UE) acha prioritária a redução do consumo pessoal e empresarial de energia.
No entanto, os portugueses acham que quem consome mais deve pagar mais. 70% acha que os preços da energia devem estar indexados ao consumo.
E a maioria (69%) é ainda a favor de um agravamento da tributação das atividades poluentes, devido ao seu custo para o meio ambiente.
Para enfrentar os elevados preços da energia, nenhuma medida é apoiada pela maioria dos portugueses: 43% “consideram que, a curto prazo, o governo deveria dar prioridade à redução dos impostos relacionados com a energia”; 26% querem que haja limitação ou regulação dos preços do gás, do petróleo e do carvão; e apenas 8% quer vales de energia distribuídos pela população.
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