Um dos pomos da discórdia atual no Governo é a questão da redução do IRC nas empresas, mas António Costa Silva, ministro da economia, diz que não está “nem sozinho, nem acompanhado” no Executivo e que "muitas vezes na vida tive muitas batalhas difíceis em que estive sozinho e também já estou habituado a ter razão antes do tempo, que é uma coisa que às vezes é muito difícil de sustentar”.
Na audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação da Assembleia da República, o ministro da Economia e do Mar disse esta quarta-feira, 28 de setembro, que “não tenho medo nenhum, nem de pensar, nem de exprimir os meus pensamentos nas alturas em que acho que devo exprimir", prometendo “aguardar” para ver quais "vão ser os desenvolvimentos”.
O ministro até contemporizou com o Executivo: “Luto com as armas que tenho, de acordo com as ideias que tenho, em consonância com o programa do Governo e em articulação com o senhor primeiro-ministro. É isso que me move (…) o Governo e o primeiro-ministro estão alinhados com isso e estão a buscar as várias soluções”, garantiu.
Depois de ter defendido um corte no imposto que as empresas pagam sobre os lucros, Costa Silva viu o ministro das Finanças pôr água na fervura em público, dizendo que alterações teriam de ser alvo de negociação. Foi também acalmado pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, pelos seus próprios secretários de Estado, o da Economia, João Neves, e do Turismo, Rita Marques, e até pelo seu antecessor, Pedro Siza Vieira, que criticou uma eventual redução do IRC para todas as empresas, defendendo reduções mais direcionadas.
Mas, aos deputados da Comissão, o atual ministro da pasta diz pensar mais a longo-prazo: “Independentemente dos partidos e dos governos que se alternam, a questão do país é a questão vital (…) aquilo que não fizermos nos próximos anos vai ser pago e pago de uma forma muito difícil”.
“O que me preocupa não é 2022, é 2023 e o que está para a frente, face aos sintomas que vemos na economia europeia", disse, antecipando-se já recessões para o curto-prazo depois de um crescimento de 6,5% em 2022 devido ao ano “medíocre” de 2021.
“Custa-me muito ver empresas que podem claudicar se não fizermos tudo que está ao nosso alcance, agora, para auxiliar aquilo que pode acontecer e evitar uma tempestade maior no futuro”, acrescentou.
Por isso, diz estar “perfeitamente tranquilo e sereno”.
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