Economia

Cereais: Portugal terá segunda pior campanha de inverno dos últimos 105 anos por causa da seca

Cereais: Portugal terá segunda pior campanha de inverno dos últimos 105 anos por causa da seca
NUNO VEIGA/LUSA

As previsões agrícolas do INE indicam que a atual campanha deverá ser a segunda pior campanha de inverno dos últimos 105 anos por causa da seca. Haverá quebras de produção entre 15% e 30% nos cereais

A guerra na Ucrânia teve como consequência a escassez de cereais e a consequente subida dos preços. Numa altura em que se torna necessário produzir, as previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que a atual campanha deverá ser a segunda pior campanha de inverno dos últimos 105 anos por causa da seca.

"A atual campanha deverá ser a segunda pior desde que existem registos sistemáticos, apenas superior à produção de 2012 e próxima da de 2005 (igualmente anos de secas extremas)", lê-se na nota do gabinete estatístico.

A seca afetou particularmente a fase de desenvolvimento vegetativo dos cereais, "com muitas searas a apresentarem povoamentos pouco homogéneos e espigas curtas". "Posteriormente, na fase de enchimento do grão, a escassa humidade dos solos e as elevadas temperaturas contribuíram também para as baixas produtividades, com as ceifas a confirmarem o baixo peso específico do grão", explica o INE.

Embora existam searas com produtividade e qualidade aceitáveis, a maior parte das áreas colhidas apresentam quebras de produção de cerca de 30% no trigo mole, triticale e cevada, 25% na aveia e 15% no trigo duro e centeio.

Mas a seca não afetou apenas os cereais, mas um pouco toda a nossa agricultura. Nomeadamente a batata, que com as temperaturas muito elevadas ficou com a tuberização inibida, verificando-se, assim, "decréscimos de produtividade, bem como dificuldades de comercialização".

E, como o Expresso já noticiou, as vindimas são afetadas por estas ondas de calor que assolaram o país - e que vão voltar. Na vinha prevê-se uma quebra de 10% face à campanha anterior.

Noutras árvores de fruto o cenário não é melhor: o INE prevê uma quebra de 15% nas macieiras, 30% nas pereiras e 25% nos pêssegos. No caso das amendoeiras os valores deverão aproximar-se dos de 2021.

Por outro lado, para as culturas de primavera - como tomate, arroz e milho - as perspetivas são mais animadoras, prevendo-se inclusive um aumento de 5% na área do milho.

Mas não é só a agricultura que é afetada pela seca: a escassa precipitação registada na primavera afetou "o desenvolvimento vegetativo das pastagens e forragens, originando uma diminuição entre 20% a 80% na biomassa destinada à alimentação dos efetivos pecuários". Em suma, as explorações agropecuárias já sentem as dificuldades em alimentar os seus animais.

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