Economia

Portugal escapa ao abrandamento em 2022, mas Bruxelas piora previsões para 2023. Inflação também sobe e muito

Fernando MEDINA (Ministro das Finanças), João Nuno Mendes (secretário de Estado das Finanças), e Paolo GENTILONI (Comissário Europeu para a Economia)
Fernando MEDINA (Ministro das Finanças), João Nuno Mendes (secretário de Estado das Finanças), e Paolo GENTILONI (Comissário Europeu para a Economia)
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A Comissão Europeia volta a rever em alta o crescimento da economia portuguesa para 2022 (6,5%), mas piora as previsões para 2023 (1,9%). Já a inflação sobe para os 6,8% este ano, aproximando-se da média europeia

A invasão da Rússia à Ucrânia continua a afetar a economia europeia. Em apenas dois meses, Bruxelas volta a baixar as previsões do crescimento europeu e sobe as da inflação.

A Comissão Europeia reconhece que "muitos dos riscos negativos" se materializaram. A guerra colocou pressões adicionais sobre os preços da energia e dos produtos alimentares" e "a economia da UE continua particularmente vulnerável à evolução dos mercados energéticos, devido à levada dependência dos combustíveis fósseis russos, e ao enfraquecimento do crescimento global que diminui a procura externa".

As previsões de crescimento baixam de 2,7% para 2,6% (na Zona Euro) em 2022, com o corte a ser maior no próximo ano. As estimativas de crescimento descem de 2,3% para 1,4% na Zona Euro.

Portugal, para já, escapa ao abrandamento face às previsões iniciais em 2022 e continua mesmo a ser o país que mais cresce. As estimativas dos técnicos europeus sobem de 5,8% (em maio) para 6,5%, um pouco acima dos 6,3% do Banco de Portugal. A recuperação do turismo ajuda a explicar os números.

"Prevê-se que o crescimento se mantenha forte em 6,5% em 2022, refletindo o saldo acumulado e a contínua recuperação do turismo", pode ler-se no documento técnico da Comissão. Para a subida contribuem "as exportações de serviços", com o "os com voos internacionais e visitas turísticas estrangeiras quase a atingir o seu nível pré-pandémico no segundo trimestre de 2022".

Já o cenário para o próximo ano é mais negro, e não escapa ao abrandamento, com alertas também para o setor do turismo. O país deverá crescer apenas 1,9%, abaixo dos 2,6% estimados pelo Banco de Portugal.

"Prevê-se que o crescimento modere para 1,9% em 2023, devido a um menor crescimento do consumo privado e do investimento, bem como a uma menor procura externa".

O executivo comunitário avisa ainda para o risco de o crescimento se deteriorar mais que o previsto (e isto nos dois anos), "resultado da agressão da Rússia à Ucrânia e, mais recentemente, no contexto de preocupações crescentes com a escassez de pessoal no sector da aviação, o que pode ter repercussões negativas nas visitas turísticas estrangeiras a Portugal".

Para já, na Europa, os cenários apontam para um crescimento de apenas 1,4% na Alemanha este ano (abaixo dos 2,4% antecipados em maio). Já a previsão para Itália sobe ligeiramente para 2,9% (2,4% em maio) e a de Espanha mantém-se nos 4%.

Em 2023, as três economias também deverão registar crescimentos moderados, e abaixo do inicialmente esperado: Alemanha deverá ficar-se pelos 1,3%, Espanha pelos 2,1% (abaixo dos 3,4% previstos em maio) e, nas contas de Bruxelas, a economia italiana nem chegará a avançar 1% (menos que os 1,9% estimados nas previsões de Primavera).

Inflação supera previsões, mas fica aquém da média europeia

Quanto aos preços, vão subir mais do que Bruxelas estimava há apenas dois meses. A previsões colocam a inflação em Portugal nos 6,8% este ano (bem acima dos 4,4% de maio) e acima dos 5,9% do Banco de Portugal.

O país aproxima-se, assim, da média da Zona Euro (7,6%). No próximo ano, a inflação deverá cair para os 3,6%, em linha com uma média da Zona Euro de 4%, mas acima dos 2,7% do Banco de Portugal.

De um modo geral, até junho, a inflação atingiu máximos recordes, com os preços da energia e dos alimentos a crescer e a pressões sobre os preços a estenderem-se aos serviços e outros bens. Na área do euro, a inflação cresceu fortemente no segundo trimestre de 2022, de 7,4% em março para um novo máximo histórico de 8,6% em junho. Na UE, o aumento foi ainda mais pronunciado, com a inflação a subir ponto percentual, de 7,8% em março para 8,8% em maio.

Os técnicos da Comissão calculam ainda que a inflação atinja os 8,4% no terceiro trimestre de 2022 (na Zona euro) e, a partir daí, comece a diminuir de forma constante e descer, ficando abaixo dos 3% no último trimestre de 2023, tanto na zona euro como na média da União Europeia.

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