Consumidores russos já sentem o peso das sanções económicas
As sanções económicas do ocidente já começam a ser sentidas pelos consumidores russos, mas mais em Moscovo ou nas grandes cidades. Há menos vagas de emprego e mais lojas fechadas
As sanções económicas do ocidente já começam a ser sentidas pelos consumidores russos, mas mais em Moscovo ou nas grandes cidades. Há menos vagas de emprego e mais lojas fechadas
Para uma grande parte da população russa - a maioria é empregada pelo Estado - pode parecer que nada mudou, uma vez que mantiveram o emprego e os preços parecem ainda não ter grandes variações. Porém, já há alguns indicadores de que as sanções começaram a afetar os russos, reporta o "Financial Times".
Natalia Klyueva começou sua procura por um novo emprego em Moscovo em fevereiro – pouco antes da invasão russa à Ucrânia e das sanções do ocidente. Mas a sua experiência em retalho nada vale quando, na sua ótica, os negócios estão "congelados" e as empresas ocidentais saíram do país.
Ainda assim, este é um caso que se pode caracterizar como exceção, uma vez que na Rússia a maioria dos trabalhadores é empregada por Moscovo e recentemente foram aprovados aumentos nas pensões de reforma e no salário mínimo. Adicionalmente, o Kremlin deu incentivos ao setor privado para colocar trabalhadores em lay-off em vez de os despedir.
E mesmo a inflação, que quase chegou a 18% em abril, já abrandou. “Os preços subiram, sim, mas em geral não mudou muito”, disse Tatiana Mikhailova, economista que vive na capital.
Quanto ao emprego, nem tudo permanece igual. Apesar da taxa de desemprego ter-se mantido estável nos 4%, as vagas disponíveis caíram. Segundo a plataforma de recrutamento online HeadHunter, o número de anúncios de emprego caiu 28% em abril em comparação com o mês anterior à guerra. Os anúncios de emprego em marketing, relações públicas, recursos humanos, gestão e banca caíram entre 40% e 55%.
E no que diz respeito ao retalho as evidências estão lá: depois da saída das marcas ocidentais, cerca de 15% a 20% das lojas nos shoppings de Moscovo estão fechadas, de acordo com Knight Frank Russia.
Nos escritórios, estima-se que, até ao final de 2022, 20% dos escritórios em Moscovo estejam desocupados.
Além do mais, há já uma alteração dos hábitos de consumo, uma vez que as prateleiras de vinho - maioritariamente importado - estão vazias, mas o mesmo acontece com outros produtos importados. E as importações de eletrónica dos líderes no mercado russo (Samsung e Apple) caíram - ainda que não se saiba ao certo quanto, pois o Kremlin deixou de publicar esses dados.
No entanto, Rússia é um país enorme e estes efeitos são maioritariamente sentidos em Moscovo ou nas grandes cidades.
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