Economia

Metade dos automobilistas portugueses quer comprar um carro elétrico

Metade dos automobilistas portugueses quer comprar um carro elétrico
TOBY MELVILLE

Estudo da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) estima que, num cenário mais favorável à eletrificação, o parque automóvel deverá, em 2025, ser composto por 12,6% de veículos elétricos e híbridos

Metade dos automobilistas portugueses quer comprar um carro elétrico

Vítor Andrade

Coordenador de Economia

Um em cada dois consumidores afirma que o seu próximo carro será híbrido ou elétrico e nove em cada dez estão dispostos a pagar, no máximo, €35 mil por uma viatura elétrica.

Esta é uma das principais conclusões de um estudo apresentado pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP), realizado em conjunto com uma equipa de investigadores do ISEG — Instituto Superior de Economia e Gestão, da Universidade de Lisboa.

De notar a propósito, e à margem deste estudo, que os últimos números do mercado automóvel em Portugal apurados pela ACAP e pela Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE) indicam que nos primeiros quatro meses deste ano 20% dos carros vendidos em Portugal foram elétricos ou híbridos.

Portugal está a ficar para trás na mobilidade elétrica

Estes valores colocam Portugal no 9º lugar da mobilidade elétrica a nível europeu (dos 27 Estados-membros), depois de já ter ocupado a 4ª posição no início desta década.

A verdade é que, segundo Helder Pedro, secretário-geral da ACAP, o facto de Portugal não ter atualizado os incentivos à compra de carros elétricos e ao abate de carros mais velhos “está a deixar o país cada vez mais para trás neste domínio”. E nota que, enquanto o incentivo para a compra de um carro elétrico em Portugal ronda os €3 mil, em certos países, como, por exemplo, a Roménia, esse apoio estatal chega aos €10 mil.

De volta ao estudo agora apresentado pela ACAP e pelo ISEG, importa também notar que a totalidade dos consumidores incluídos na amostra está disposta a pagar um acréscimo de preço para poder usufruir de tecnologia adicional (conectividade, condução autónoma e entretenimento).

O estudo, intitulado “As redes de retalho automóvel em Portugal — O presente e o futuro do sector”, revela, segundo a ACAP, que “a aposta em soluções de mobilidade mais verde e em tecnologia é cada vez mais uma tendência à qual as marcas e concessionários não poderão ficar indiferentes”.

A substituição do parque automóvel "far-se-á a um ritmo muito lento"

Ainda relativamente à tendência de eletrificação dos automóveis, os dados do estudo revelam que, “num cenário mais favorável à eletrificação, o parque automóvel de veículos de passageiros ligeiros deverá, em 2025, ser composto por 12,6% de veículos elétricos e híbridos e por 87,4% de veículos movidos a gasolina e a gasóleo”.

Apesar da tendência crescente e de os veículos híbridos e elétricos poderem representar mais de 75% das vendas de novos veículos ligeiros de passageiros em 2025, “a substituição do parque automóvel far-se-á a um ritmo muito lento. Refira-se aqui que as vendas ­anuais rondam as 200 mil viaturas, mas a dimensão do parque já ultrapassa os 5,2 milhões de carros. Neste ponto, é importante focar que a idade média do parque de veículos ligeiros de passageiros em Portugal é de 12,8 anos, muito acima dos números da média europeia ou da Áustria e Reino Unido (que ronda os oito anos)”, sublinham os analistas da ACAP.

No que se refere às principais tendências futuras do consumidor português na aquisição e utilização dos produtos e serviços automóveis, as conclusões do estudo da ACAP/ISEG revelam que 60% dos inquiridos estão a considerar comprar um veículo nos próximos cinco anos e que no processo de compra 40% apostam numa combinação online/presencial.

A associação automóvel conclui que “a expressão crescente que a digitalização assume também neste sector está já a alterar o modelo de funcio­namento das marcas a operar em Portugal”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: VAndrade@expresso.impresa.pt

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