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EDP sofre prejuízo de 76 milhões de euros no primeiro trimestre

Foto: EDP
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A EDP fechou o primeiro trimestre com um prejuízo de 76 milhões de euros, em grande medida associado à baixa produção hídrica. Desde final de 2018 que a elétrica não tinha prejuízos trimestrais

Em atualização

EDP sofre prejuízo de 76 milhões de euros no primeiro trimestre

Miguel Prado

Editor de Economia

A EDP registou nos primeiros três meses deste ano um resultado líquido negativo de 76 milhões de euros, que compara com um lucro de 180 milhões de euros alcançado em igual período do ano passado, informou a empresa em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Este é o primeiro trimestre com prejuízo para a EDP dos últimos três anos e meio. É preciso recuar ao terceiro trimestre de 2018 para encontrar um desempenho negativo da elétrica, que nesse período contabilizou perdas de 83 milhões de euros.

E se considerarmos apenas o primeiro trimestre, nas últimas duas décadas a EDP nunca tinha tido um arranque de ano no vermelho. Recuando até à apresentação de resultados de primeiro trimestre mais antiga no site da EDP, desde 2003 a elétrica sempre teve lucros no primeiro trimestre de cada ano.

A passagem de lucro a prejuízo no primeiro trimestre de 2022 foi determinada, em grande medida, pela situação de seca, que fez afundar a produção hidroelétrica do grupo.

"O desempenho financeiro da EDP no primeiro trimestre de 2022 foi fortemente impactado pela seca extrema em Portugal no inverno 2021/2022, o mais seco dos últimos 90 anos, que resultou num défice recorde de produção hídrica da EDP no mercado Ibérico no trimestre", explica a empresa na apresentação de resultados à CMVM.

Além disso, a escalada dos preços grossistas da eletricidade, não integralmente coberta pelas atualização de preços aos clientes, também acabou por penalizar as contas da EDP no arranque de 2022.

O grupo diz que "o forte aumento do custo da eletricidade vendida, não repercutido na carteira de clientes, implicou uma perda" da ordem dos 400 milhões de euros no primeiro trimestre.

O mau desempenho na produção convencional de eletricidade e na gestão de energia e clientes acabou por anular o bom desempenho do grupo nas renováveis (eólica e solar) e no Brasil, unidades de negócio que apresentaram aumento de lucro no primeiro trimestre.

O resultado combinado dos vários negócios foi uma queda de 18% do EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para 710 milhões de euros, refere a EDP. Mas a área de produção hídrica na Península Ibérica apresentou EBITDA negativo de 34 milhões de euros e o negócio de gestão de clientes na Península Ibérica gerou um EBITDA negativo de 105 milhões de euros.

Descontando ao EBITDA global do grupo as depreciações e amortizações e ainda o impacto de um agravamento dos resultados financeiros e de uma subida dos interesses não controláveis, o resultado líquido da EDP acabou no vermelho.

A EDP fechou o primeiro trimestre com uma dívida líquida de 13,13 mil milhões de euros, mais 14% face ao valor com que tinha terminado 2021. Com isso, o rácio de dívida líquida sobre o EBITDA agravou-se de 3,5 para 4,3.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt

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