Banco Central dos EUA aumenta taxas de juro e sinaliza mais seis subidas em 2022
A guerra na Europa não está a travar os banqueiros centrais. Pelo contrário, o conflito veio agravar as pressões inflacionistas que vinham a ser sentidas
A guerra na Europa não está a travar os banqueiros centrais. Pelo contrário, o conflito veio agravar as pressões inflacionistas que vinham a ser sentidas
Jornalista
A Reserva Federal dos Estados Unidos anunciou esta quarta-feira, 16 de março, o aumento da taxa de juro de referência em 25 pontos-base para os 0,5%, numa altura em que a inflação norte-americana acelera para taxas vistas pela última vez há 40 anos. E não vai ficar por aqui: para este ano são antecipadas mais seis subidas dos juros para domar a subida dos preços.
Esta é a primeira subida das taxas de juro desde dezembro de 2018 e a decisão foi quase unânime, à excepção de James Bullard, presidente da Fed de St. Louis, que advogou por uma subida de 50 pontos-base.
A Fed prevê chegar ao final do ano com uma taxa de juro de referência de 1,9%, e subi-la para 2,8% em 2023 e 2024. A taxa de inflação média deverá ser de 4,3%, para cair para os 2,7% no ano seguinte e 2,3% em 2024, de acordo com o sumário de projeções económicas divulgado pelo banco central norte-americano.
De acordo com a análise do Comité de Operações de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) divulgada em comunicado, a economia norte-americana continua a recuperar face à quebra na atividade relacionada com a pandemia do vírus da covid-19, que obrigou a confinamentos, paragens de produção, e encerramentos de negócios.
O desemprego continua a diminuir - caiu dos 6,2% em fevereiro de 2021 para os 3,8% em fevereiro deste ano - e a criação de emprego "tem sido forte nos últimos meses", com ganhos superiores a 500 mil novos postos de trabalho na maioria dos meses desde o início de 2021.
Porém, "a inflação mantém-se elevada, refletindo desequilíbrios entre a oferta e a procura relacionados com a pandemia, preços da energia mais altos, e pressões alargadas sobre os preços", refere o comunicado. A guerra na Europa, entretanto, e o embargo ao petróleo russo vieram agravar a situação no que troca ao cumprimento do segundo mandato da Fed: a estabilidade dos preços.
"A invasão da Ucrânia pela Rússia tem causado enorme sofrimento humano e económico. As implicações para a economia dos Estados Unidos são muito incertas, mas a curto-prazo a invasão, e acontecimentos relacionados, deverão criar pressão ascendente adicional na inflação e pesar na atividade económica", ressalvam os membros do FOMC.
A Fed tem um mandato dual que orienta as suas decisões de política monetária. Do lado do mercado de trabalho, o objetivo é alcançar pleno emprego; do lado dos preços, o alvo é uma taxa de inflação de 2% a longo prazo. Em fevereiro, a taxa de inflação dos Estados Unidos foi de 7,9%, a maior variação anual desde janeiro de 1982.
Na Europa, o Banco Central Europeu também resolveu acelerar o ritmo de aperto da política monetária.
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