
A Alpac Capital avança que tem previsto um “investimento forte” na empresa para o cumprimento do seu plano estratégico, que passa por investir na estrutura em Bruxelas e na digitalização
A Alpac Capital avança que tem previsto um “investimento forte” na empresa para o cumprimento do seu plano estratégico, que passa por investir na estrutura em Bruxelas e na digitalização
Jornalista
A sociedade portuguesa de capital de risco Alpac Capital vai passar a ser dona da Euronews, e quer torná-la “a voz da Europa para o mundo”, tendo previstos “fortes” investimentos, embora prefira não revelar valores. “A Euronews tem uma marca muito forte mas continua a ter muito potencial de crescimento no digital, e de se assumir como um canal europeu global de notícias”, explica o CEO (presidente executivo) da Alpac, Pedro Vargas David, em declarações ao Expresso. “Queremos que seja a casa do debate sobre os assuntos europeus”.
A Alpac adquiriu uma parcela de 88%, detida pelo multimilionário egípcio Naguib Sawiris. Os restantes 12% estão na posse das televisões públicas dos países fundadores, que se distribuem pela União Europeia e norte de África, e a Alpac não exclui a hipótese de vir a adquirir uma maior percentagem de capital.
Além do valor da aquisição, a nova dona avança que tem previsto um “investimento forte” na empresa para o cumprimento do seu plano estratégico. Para já, é certo que vai ser reforçada a aposta na capital belga, sendo este o coração da Europa e “onde está a notícia” que a Euronews procura. "Queremos estabelecer-nos fortemente em Bruxelas, como uma NBC ou CNN em Washington”, diz Pedro Vargas David.
O reforço nesta cidade passa por contratar mais jornalistas, apostar em mais diretos, novos estúdios e condições materiais e sobretudo mais debate, com “todos os pontos de vista”.
Outra prioridade é o investimento no digital, sendo que também existe a intenção de melhorar a rede de distribuição. Para já, não existem planos específicos para Portugal ou outros países, além da Bélgica.
A Euronews chega hoje a 400 milhões de lares em todo o mundo, faturando quase 90 milhões de euros anuais. A multinacional transmite em 12 línguas, sendo uma delas o português, e o respetivo canal inglês está entre os três maiores canais noticiosos do mundo, juntamente com a britânica BBC e a norte-americana CNN.
A quantia que a Alpac Capital destina à Euronews provém de um fundo “acabado de criar”, que junta unicamente investidores europeus, e que tem de momento uma disponibilidade máxima de 250 milhões de euros. Esta foi a primeira transação, cujo valor o CEO prefere não revelar, mas “ainda sobram valores para outros media”, e a procura, agora, é ativa.
“A tese de investimento é que o espaço público europeu tem cada vez mais importância e não está suficientemente preenchido”, avalia Pedro Vargas David.
O CEO da Alpac é filho do ex-eurodeputado do PSD Mário David, próximo de Durão Barroso e também do controverso líder húngaro, Viktor Orbán, do qual se tornou consultor político.
Questionado sobre a influência que Mário David tem na sua visão de que é necessário cobrir mais de perto a realidade europeia, Vargas David responde que cada um tem a sua perspetiva sobre os temas europeus: “por vezes é coincidente, por vezes não”.
“O meu pai teve muitas relações com muitos líderes europeus. Nenhuma delas me inspirou mais que outra”, afirma, já em relação à ligação com Orbán, ao mesmo tempo que diz ter orgulho da carreira de 25 anos do pai ao serviço da Europa. Ainda sim, esclarece que Mário David não é nem acionista, nem administrador, nem está de alguma forma ligado a qualquer actividade da Alpac.
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