Economia

Renováveis não têm culpa do aumento dos preços da energia, defende líder da AIE

Renováveis não têm culpa do aumento dos preços da energia, defende líder da AIE
D.R.

Em comunicado, Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, diz que "é pouco correto, e enganador, atribuir a responsabilidade" do disparar do custo da energia "à transição energética"

Não se pode atribuir o aumento dos custos da energia às energias renováveis, segundo o diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, em comunicado da instituição divulgado esta terça-feira, mas sim a um conjunto de diversos fatores relacionados com condições meteorológicas, aumento mundial da procura e diminuição da produção.

“Os recentes aumentos nos preços globais do gás natural são o resultado de múltiplos factores, e é pouco correto, e enganador, atribuir a responsabilidade à transição energética", disse, acrescentando que "transições para energia limpa bem geridas são a solução para os problemas que estamos a testemunhar nos mercados do gás e da eletricidade - e não a causa."

“A situação atual recorda aos governos, principalmente numa altura em que tentamos acelerar as transições para energia limpa, a importância de fontes de energia seguras e acessíveis economicamente - em particular para as pessoas mais vulneráveis nas nossas sociedades", disse Birol.

O comunicado realça que o último Inverno, mais longo e rigoroso, na Europa - que provocou uma queda nas reservas de gás - e a diminuição da disponibilidade da energia eólica para valores abaixo do habitual nas últimas semanas estão a impulsionar os preços no Velho Continente.

A nível global, o aumento dos preços do gás deve-se às vagas de frio sentidas no Este Asiático e na América do Norte no primeiro trimestre deste ano, às quais se seguiram ondas de calor, e secas, em regiões do continente asiático e americano, como no Brasil.

A quebra de produção de gás natural liquefeito, devido a paragens inesperadas na produção e atrasos, aliada ao aumento da procura na China, Japão e Coreia, ajudou à subida dos preços.

O comunicado da AIE lembra que o mercado europeu do gás "pode vir a lidar com mais pressão devido a falhas inesperadas no fornecimento e vagas de frio, em particular se estas ocorrerem no fim do Inverno", numa altura em que as reservas europeias de gás estão muito abaixo da média dos últimos cinco anos.

Tudo dependerá da Rússia, dizem, e de um eventual aumento da produção, sendo esta "uma oportunidade" para que Moscovo "reafirme as suas credenciais como um fornecedor fiável do mercado europeu".

O comunicado do diretor executivo da AIE surge no mesmo dia em que os preços da eletricidade no mercado ibérico atingem o segundo preço médio diário mais alto de sempre, em linha com as subidas no resto da Europa, depois de a Rússia se ter mostrado indisponível para reforçar os fornecimentos de gás ao continente.

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