Economia

Presidente do Conselho Geral desconhece quando Lone Star quer vender Novo Banco (e mais algumas dúvidas)

Presidente do Conselho Geral desconhece quando Lone Star quer vender Novo Banco (e mais algumas dúvidas)
Nuno Fox

Byron Haynes confirma abertamente que Novo Banco manifestou interesse em comprar o EuroBic, apesar das dificuldades de calendário

Presidente do Conselho Geral desconhece quando Lone Star quer vender Novo Banco (e mais algumas dúvidas)

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Presidente do Conselho Geral desconhece quando Lone Star quer vender Novo Banco (e mais algumas dúvidas)

Isabel Vicente

Jornalista

Presidente do Conselho Geral desconhece quando Lone Star quer vender Novo Banco (e mais algumas dúvidas)

Nuno Fox

Fotojornalista

Se António Ramalho é o presidente que gere o Novo Banco no dia a dia, Byron Haynes é o homem responsável pela fiscalização do seu trabalho. Classificado como independente da Lone Star, Haynes, que preside ao Conselho Geral e de Supervisão, defende que não sabe se há vontade de vender a instituição financeira. Também desconhece toda a cadeia de participações da Lone Star que controla o banco, bem como a própria estrutura na qual o próprio investiu dinheiro e que detém menos de 1% do capital do Novo Banco.

“Não tenho qualquer conhecimento da estratégia da Lone Star que possa referir”, respondeu Byron Haynes na sua audição desta terça-feira, 8 de junho, na comissão de inquérito às perdas do Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.

Segundo disse Haynes, a Lone Star “é um acionista que dá o seu apoio”, ajudando o conselho de administração executivo a “alcançar as metas”. O acionista americano, um grupo de private equity cujo perfil é investir em entidades para reestruturá-las e vender posteriormente com mais valias, pretende “garantir que o Novo Banco é uma instituição viável”.

Questionado pela deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua sobre quem é que, tendo em conta tal acompanhamento, transmite a estratégia da Lone Star, Byron Haynes respondeu que o Conselho Geral e de Supervisão tem dez membros, quatro dos quais em nome da empresa americana.

“A estratégia e o modelo de negócios são determinados pelo Conselho Geral e de Supervisão, somos um órgão compostos por 6 membros, independentes, e quatro da Lone Star e a comissão de acompanhamento está sempre presente nas reuniões. Temos 14 reuniões por ano. Discutimos todos os assuntos incluindo a aprovação de estratégia e o modelo de negócio. Estamos a falar que 92% dos investimentos devem ser feitos em Portugal”, declarou Byron Haynes, dizendo que fora estes quatro membros do Conselho Geral, encontrou-se uma vez com um executivo da Lone Star, “algures em 2018”, mas sem conseguir indicar o seu nome.

Gestores acionistas do Novo Banco em estrutura por descobrir

O Novo Banco é detido pela portuguesa Nani Holdings que, por sua vez, está nas mãos da luxemburguesa LSF Nani Investments, mas, acima disso, sobre como a Lone Star organiza a estrutura de participações, Byron Haynes também desconhece, disse, justificando com o facto de não pertencer ao grupo.

Já sobre a estrutura que foi criada para que o conselho de administração executivo do Novo Banco e alguns membros do Conselho Geral e de Supervisão, incluindo Byron Haynes, tivessem uma participação indireta no Novo Banco (inferior a 1% do seu capital), pouco foi explicado (como aliás tem acontecido). “Fizemos investimentos numa empresa, que tem um investimento indireto através de diferentes estruturas”, começou por dizer. “São participações numa entidade jurídica”, disse, sem se lembrar do seu nome concreto. “Tenho de me certificar, para ser honesto, fiz o investimento quando entrei no banco”, em 2017. Esta participação está incluída nos 75% da Lone Star.

“É um investimento com as minhas poupanças pessoais, não é algo que seja financiado por ninguém. É dinheiro meu. Os reguladores têm conhecimento de todos os pormenores deste investimento indireto inferior a 1%”, garantiu, dizendo que tanto o Banco de Portugal como o Banco Central Europeu não detetaram conflitos de interesse, e recebendo como resposta do deputado comunista Duarte Alves de que há uma estrutura “completamente opaca”. Não se sabe exatamente quem são os detentores desta estrutura, que deverá replicar a evolução de ações do Novo Banco, com o objetivo de beneficiar a sua evolução. Ramalho já tinha dito também que o BCE não se opunha à estrutura.

Compra do EuroBic foi discutida

Entretanto, sobre a estratégia do Novo Banco, há uma aposta na economia portuguesa, declarou Byron Haynes, confirmando abertamente – pela primeira vez – que o banco colocou-se na corrida pelo EuroBic, que Isabel dos Santos está a vender.

“Foi discutido no seguinte contexto: podia ser uma oportunidade interessante”, resumiu. “Manifestámos o nosso interesse, dissemos que não podemos comprometer-nos até termos cumprido os requisitos da Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia”, declarou, lembrando que, por ter um plano de reestruturação por cumprir até ao fim de 2021, o Novo Banco está impedido de fazer aquisições, ou seja, só podia fazer a compra no próximo ano – um desajuste de calendário que tinha sido assumido já por Ramalho, bem como pelo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.

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