Economia

Dona do Correio da Manhã reitera interesse na TVI e atribui “fragilidade” da Media Capital a Mário Ferreira e Prisa

Paulo Fernandes, presidente-executivo da Cofina
Paulo Fernandes, presidente-executivo da Cofina
Clara Azevedo

Cofina põe peso na CMVM e na ERC e diz que, "eventualmente em conjunto com outros reguladores, e com os tribunais", devem tirar "as devidas consequências das condutas em causa” na Media Capital

Dona do Correio da Manhã reitera interesse na TVI e atribui “fragilidade” da Media Capital a Mário Ferreira e Prisa

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A proprietária da TVI e da produtora Plural tem novos acionistas, novos administradores e novas polémicas com os reguladores. Mas mesmo neste ambiente, a Cofina veio reiterar o interesse na Media Capital, sobre a qual tem uma oferta pública de aquisição (OPA) anunciada, para dizer que os dois protagonistas responsáveis pela atual situação da empresa, ainda que sem referir os seus nomes, serão Mário Ferreira e a Prisa.

“A Cofina, enquanto oferente na oferta pública de aquisição em curso, continua disponível para fazer parte de uma solução de viabilidade e crescimento para o Grupo Media Capital, no respeito pela Lei e pelo Estado de Direito Democrático”, indica uma reação do grupo que edita o Correio da Manhã, a revista Sábado e o Jornal de Negócios, entre outros, um dia depois de eleita uma nova administração da empresa, mesmo apesar da advertência da ERC.

A Cofina anunciou uma OPA sobre a Media Capital, que poderá ser sobre 5% do capital (antigos acionistas, como o Abanca) ou sobre 100% (abrangendo já as posições de Mário Ferreira e dos novos acionistas): a diferença será ditada pelo preço que o auditor independente que está a avaliar a Media Capital, sendo que só será sobre 100% se o valor não superar 0,415 euros por ação.

Mas, ainda assim, a Cofina pode deixar cair a OPA com a obrigatoriedade de Mário Ferreira ter de lançar outra OPA por conta da avaliação que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) fez sobre uma concertação de votos, não legitimada sob as regras de mercado, entre o empresário e a Prisa (que entretanto vendeu a sua posição a outros acionistas, como a Triun, CIN e Cristina Ferreira). Mário Ferreira tem de lançar essa OPA obrigatória (que terá de ter um preço 2% à contrapartida apontada à Cofina, por ser uma oferta concorrente) até esta quarta-feira, 25 de novembro.

Prisa e Mário Ferreira responsáveis

A Cofina considera, na reação à conferência de imprensa de Mário Ferreira (em que foi uma das grandes visadas), que há um responsável, ainda que não diga o seu nome, que é o próprio investidor, hoje em dia o principal acionista da Media Capital, mas também a Prisa, antiga dona da empresa.

“A fragilidade da situação atual do Grupo Media Capital e os fatores que para ela contribuem encontram-se aprofundadamente descritos na decisão da CMVM e na deliberação da ERC, a quem caberá, eventualmente em conjunto com outros reguladores, e com os tribunais, valorar e extrair as devidas consequências das condutas em causa”, indica fonte oficial do grupo de comunicação social presidido por Paulo Fernandes.

Não são avançados nomes, mas a decisão da CMVM é a referente à concertação de direitos de voto entre a Prisa e Mário Ferreira, enquanto a deliberação da ERC diz respeito à alteração de domínio sobre as licenças atribuídas aos canais de televisão e as estações de rádio sem autorização (mais uma vez, entre a Prisa e Mário Ferreira).

Mário Ferreira tem assumido um embate com a Cofina – ainda na conferência de imprensa que deu logo a seguir a ser eleito presidente da administração da Media Capital, o empresário considerou que saíam do grupo concorrente pressões e difamações. Com a Prisa, que já não está na Media Capital, a Cofina tem um diferendo no tribunal arbitral (sobre se tem de pagar os 10 milhões de euros da caução da compra falhada do ano passado ou alguma indemnização).

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