Economia

Depois da ERC, também Autoridade da Concorrência aprova Marco Galinha no DN e JN

Marco Galinha, do grupo Bel, e acionista do "Jornal Económico" lidera a Global Media onde tem 30% do capital e deverá aumentar a participação para 50%
Marco Galinha, do grupo Bel, e acionista do "Jornal Económico" lidera a Global Media onde tem 30% do capital e deverá aumentar a participação para 50%
Marcos Borga

Junção de Grupo Bel com a Global Media não traz problemas concorrenciais, pelo que operação recebeu luz verde. Grupo de comunicação social está em processo de despedimento coletivo

Depois da ERC, também Autoridade da Concorrência aprova Marco Galinha no DN e JN

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A Autoridade da Concorrência (AdC) deu luz verde à entrada de Marco Galinha na Global Media, a detentora do Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) também já tinha mostrado que não se opõe a esta transação, quando está em curso um despedimento coletivo no grupo comprado.

“Em 3 de novembro de 2020, o conselho de administração da Autoridade da Concorrência […] delibera adotar uma decisão de não oposição à operação de concentração, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 50.º da Lei da Concorrência, uma vez que a mesma não é suscetível de criar entraves significativos à concorrência efetiva no mercado nacional ou numa parte substancial deste”, aponta o comunicado colocado no site da AdC.

A posição da autoridade liderada por Margarida Matos Rosa, que se preocupa com os efeitos na concorrência de operações deste género (e para os consumidores), segue-se à luz verde dada pela ERC. O conselho regulador não viu riscos nesta operação, mas deixou um aviso: Marco Galinha tem o dever de reanimar o DN. Marco Galinha entra para o DN com uma promessa: voltar a dar-lhe uma edição diária em papel.

Estas autorizações, que permitem a Marco Galinha chegar aos 40% da Global Media, ocorrem quando está em curso a execução do processo de despedimento coletivo delineado há anos – e que aguardava por financiamento para se concretizar. Saem desta forma 81 profissionais do grupo, 17 dos quais jornalistas. Na sua sequência, o DN ficará com 20 jornalistas, o que já levou o conselho de redação e os delegados sindicais do grupo a repudiarem a decisão e a alertaram para a perda do valor reputacional das marcas do grupo, como noticiou o Meios e Publicidade.

O empresário comprou 10,5% ao Novo Banco e depois iria avançar para a aquisição das posições da Olivemedia (19,25%) e da Grandes Notícias, de José Pedro Soeiro (10,5%). Mas há um entendimento – e um acordo parassocial – que permitirá chegar aos 51% com os acionistas atuais: o grupo de Macau KNJ, com 35,25%, e José Pedro Soeiro, em nome individual, com 24,5%.

O grupo Bel tem “presença em várias áreas de negócio e sectores, nomeadamente na distribuição e vending de produtos de tabaco, indústria, automação, indústria aeronáutica e aeroespacial, inovação, tecnologia e comunicação, green transportation, imobiliário e mobiliário”. O grupo Bel tem ainda 10% do Jornal Económico. Já a Global Media está centrada sobretudo na comunicação social, com inúmeros títulos, que abarcam o desportivo O Jogo, o económico Dinheiro Vivo e o jornal regional mais antigo do país, o Açoriano Oriental, beneficiando de várias licenças de rádio, de que se destaca a TSF.

Aliás, a ERC já avisou que, apesar de ter dado luz verde à operação no que diz respeito aos riscos para a independência e valores do jornalismo, precisa ainda de se pronunciar sobre a alteração do domínio das licenças de rádio (TSF).

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