Economia

Proprietária do DN e JN avança com despedimento coletivo de 81 trabalhadores

Mesmo depois de vender o edifício histórico do DN, o grupo continuou em crise financeira
Mesmo depois de vender o edifício histórico do DN, o grupo continuou em crise financeira
João Carlos Santos

Num momento em que está a mudar a estrutura acionista, Global Media avança para despedimento coletivo. Grupo avisa que além desta medida "outras serão tomadas"

A Global Media, empresa que detém o DN, JN e TSF, vai avançar para um despedimento coletivo, em que vai rescindir com 81 trabalhadores, de acordo com um comunicado enviado pela administração aos funcionários esta sexta-feira, 30 de outubro.

"A evolução acentuadamente negativa do mercado dos media, agora mais evidente com a presente pandemia, precipitou os meios de comunicação social numa crise sem precedentes a que importa responder com fortes medidas de contenção. A profunda quebra de receitas do sector, em particular na área da imprensa, impõe à Global Notícias, Media Group, SA uma opção difícil, mas inadiável: iniciar um processo de despedimento coletivo que abrange 81 colaboradores, 17 dos quais jornalistas, em diferentes áreas da empresa", aponta o comunicado, a que o Expresso teve acesso.

Não se sabe quais as áreas – publicações – que vão ser afetadas por esta decisão da administração do grupo, que está atualmente a mudar de mãos, com o empresário Marco Galinha a adquirir 40% do capital (operação que está a ser avaliada pela Autoridade da Concorrência). Além dos 17 jornalistas, o impacto será superior em áreas de suporte, como pessoal administrativo. O grupo emprega em torno de 700 profissionais, sendo que esteve já em lay-off simplificado, regime flexibilizado por conta da pandemia de covid-19.

O que é certo é que nos últimos dias a empresa já vinha fazendo contactos com vários trabalhadores para acordos de saída. Agora, a Global Media avança mesmo para despedimento coletivo.

Contactada, a assessoria de imprensa do grupo adiantou apenas que não comenta decisões já tomadas pela anterior administração, remetendo para o plano de reestruturação há anos por executar.

A ideia de que o grupo que, além do DN, detém o JN, a TSF e o Dinheiro Vivo, entre muitas outras publicações, iria avançar para uma reestruturação é já antiga, mas as dificuldades em obter financiamento que permitisse empreender um programa deste género foram adiando a sua realização. Ao longo do tempo, também muitos trabalhadores, sobretudo jornalistas, foram abandonando o grupo.

Mais medidas a caminho

Na comunicação aos funcionários, a administração diz que tem “plena consciência dos custos sociais que provoca”. Além disso, adianta ter também consciência de que as medidas “permitem ao Global Media Group regressar a um nível económico e financeiro saudável, garantir a proteção de várias centenas de postos de trabalho e a continuidade dos inestimáveis serviços que os nossos meios de informação”.

“Temos vindo a desenvolver um conjunto de ações de contenção, a todos os níveis, que todavia se têm revelado insuficientes para permitir inverter os desequilíbrios existentes. É, pois, responsabilidade da Administração assumir a urgência de respostas adequadas, tornando-se indispensável ir mais longe nos objetivos de reestruturação, de modo a ultrapassar os obstáculos de mercado e de conjuntura. Naturalmente, que além desta medida, tão difícil, outras foram e serão tomadas”, avisa a administração da Global Media, sem as especificar.

Mudança acionista em curso

A presidência da administração da Global Media é, neste momento, assegura por José Pedro Soeiro, que é também um dos principais acionistas da empresa. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) terá de dar parecer sobre a nova equipa.

Neste momento, Marco Galinha, através do Grupo Bel, é dono de 10,5% da empresa, que comprou ao Novo Banco, e prepara-se para adquirir mais 30% do grupo, referentes às participações da Olivemedia (19,25%) e da Grandes Notícias, de José Pedro Soeiro (10,5%). É essa aquisição que está na Autoridade da Concorrência. Mas o entendimento acionista é para vir a reforçar a sua posição para 51%.

Neste momento, o grupo de Macau KNJ é dono de 35,25% da Global Media, enquanto José Pedro Soeiro tem, em nome individual, 24,5%.

(Notícia atualizada às 19.30 com mais informações)

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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