Economia

Lucros do BPI caem 66% para 85,5 milhões de euros nos primeiros nove meses

Lucros do BPI caem 66% para 85,5 milhões de euros nos primeiros nove meses
Luís Barra

Os resultados consolidados do BPI desceram 66%, atendendo a que nos primeiros nove meses de 2019 tinham sido de 253,6 milhões de euros. As imparidades por causa da pandemia ascenderam a 100 milhões de euros.

Lucros do BPI caem 66% para 85,5 milhões de euros nos primeiros nove meses

Isabel Vicente

Jornalista

Os resultados do BPI desceram 66%, para 85,5 milhões de euros. A atividade em Portugal contribuiu com 47,4 milhões de euros o que correspondeu a um decréscimo de 69% face a igual período de 2019.

Em conferência de imprensa de apresentação de contas, João Pedro Oliveira e Costa, presidente indigitado da comissão executiva do BPI, afirma que estes resultados espelham o atual contexto de pandemia. Para isso pesou a constituição de provisões para perdas com crédito: nos primeiros nove meses o BPI constituiu imparidades de crédito líquidas, incluindo "imparidades não alocadas decorrentes da revisão do cenário macroeconómico" devido à pandemia.

O crédito total cresceu 5,4%, com destaque para o aumento do crédito a empresas (6,6%) e do crédito à habitação que subiu 5,5%.

Os recursos de clientes no período registaram também um crescimento de 6%, com destaque para os depósitos (inclui depósitos de investidores institucionais e financeiros) que aumentaram 11,%.

O produto bancário total caiu 5,4%, as comissões desceram 7,8%. Os custos de estrutura também registaram uma descida de 3,1%. Já a margem financeira subiu 1,4%, apesar da manutenção de taxas de juros negativas, nos primeiros nove meses do ano.

Para os resultados consolidados, a atividade em Portugal contribuiu com 474 milhões de euros (menos 69%) , já a contribuição da posição no Banco de Fomento Angola os lucros caíram de 86,4 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2019 para 31,2 milhões de euros em igual período de 2020.

Quanto à posição do BPI em Angola, João Pedro Oliveira e Costa afirma que se trata "de uma participação financeira" que será reduzida por pressão do supervisor", mas que isso só irá acontecer quando surgir oportunidade. Acrescentou ainda que apesar do BPI não estar presente em nenhum órgão de gestão, o BFA "é um excelente ativo, bem capitalizado", referindo mesmo que "é o melhor banco em Angola, uma jóia da coroa". A mesma tendência de queda nos resultados foi registada no BCI, banco em Moçambique, cujos lucros caíram de 14,5 milhões de euros para 6,9 milhões em 2020.

João Pedro Oliveira e Costa, que aguarda ainda luz verde do supervisor, afirma que os resultados obtidos refletem alguma melhoria face aos trimestres anteriores"apesar de se manter ainda um cenário adverso".

O BPI, detido pelo Caixa Bank, concretizou em março uma emissão de dívida sénior de 450 milhões de euros subscrita na sua totalidade pelo seu acionista, o CaixaBank, cujo objetivo foi reforçar os passivos elegíveis para o cumprimento de requisitos futuros de capital, lê-se no comunicado de apresentação das contas.

Questionado sobre a luz verde do supervisor que tarda em chegar, o indigitado presidente executivo, diz aguardar nas próximas semanas a confirmação do mandato por parte do supervisor.

Quanto a movimentos de consolidação, João Pedro Oliveira e Costa não prevê "nenhum movimento de consolidação nos tempos mais próximos".

Já quanto à contribuição de solidariedade refere não perceber qual a razão porque esta só abrange o setor bancário, à semelhança do que já havia afirmado o presidente do BCP, Miguel Maya, quando foi conhecida esta contribuição adicional.

Questionado sobre o financiamento ao Fundo de Resolução, João Pedro Oliveira e Costa adianta que o "assunto ainda está a ser estudado com o Fundo de Resolução", confirmando que o BPI será um dos bancos que financiará o fundo, mas que a solução "não está fechada".

Recorde-se que a banca foi chamada a financiar o Fundo de Resolução para este não tivesse de se endividar junto do Estado para responder à chamada de capital que o Novo Banco irá fazer relativamente às perdas que registe este ano. No Orçamento de Estado para 2021 a verba relativa a essa chamada é de 470 milhões de euros, parte da mesma a financiar pelos bancos e a restante fruto das contribuições pagas ao Fundo de Resolução.

Quanto ao número de trabalhadores o BPI tem atualmente 4766 já que desde dezembro saíram 74 trabalhadores, sobretudo por reformas. Já quanto ao número de balcões o BPI fechou 48 balcões desde dezembro mantendo abertos 429.

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