Economia

BCP vai avançar para redução de pessoal no próximo ano

Miguel Maya, CEO do Millennium BCP
Miguel Maya, CEO do Millennium BCP
José Fernandes

Saíram cerca de 100 trabalhadores do BCP no último ano, mas a diminuição vai ser acelerada em 2021. Corte de custos com pessoal é fundamental em ambiente de paralisação dos proveitos, assumiu Miguel Maya

BCP vai avançar para redução de pessoal no próximo ano

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O Banco Comercial Português (BCP) vai avançar para a redução do quadro de pessoal no próximo ano, assumiu o presidente executivo do banco, Miguel Maya, na conferência de imprensa de apresentação de resultados semestrais, no Taguspark, em Oeiras, esta terça-feira, 28 de julho.

Não há números sobre quantos trabalhadores poderão sair do quadro de pessoal do BCP, nem tão pouco qual a forma encontrada para essa diminuição de funcionários, se por rescisão por mútuo acordo ou programas de reformas antecipadas e pré-reformas. Mas o banco só quer dar esse passo quando a situação económica estiver melhor, o que não será ainda este ano.

“O banco teve uma postura mais alinhada com dificuldades que a sociedade estava a passar, não implementámos o programa de redução de pessoal e vamos fazê-lo no início do ano”, revelou Miguel Maya em respostas a questões dos jornalistas na conferência de imprensa. “Vamos fazê-lo no momento em que a conjuntura económica esteja melhor”.

No final do primeiro semestre, o banco contava com 7.154 trabalhadores na atividade em Portugal, uma diminuição de 1,5% (ou 110 funcionários) face à mesma data de 2019. Na operação internacional (com destaque para a Polónia), são mais de 11.000 colaboradores.

“O tema da eficiência é fundamental para o futuro do banco. Queríamos ter um cost to income [peso dos custos nos proveitos] a convergir para os 40% [está ainda nos 50%] e o que tínhamos definido era que íamos fazê-lo por via dos proveitos”, começou por explicar Miguel Maya. Só que os proveitos estão “condicionados”, por isso, resta atuar nos custos. O peso dos custos com pessoal, lembra o banqueiro, é muito forte nos bancos: representaram cerca de 328 milhões de euros no primeiro semestre, num total de encargos de 562 milhões do BCP.

Daí que Miguel Maya não tenha dúvidas em dizer que, “nesta procura de eficiência”, a diminuição destas despesas com pessoal seja “uma importante alavanca”. Em relação à rede de agências, atualmente com 493 sucursais, o banco está satisfeito (ainda que tenha acelerado o encerramento no último ano - em junho de 2019, eram 532 unidades.

Banca não tem rendas excessivas

Sobre aquele que considera um novo obstáculo à obtenção de receitas, o presidente executivo do BCP sublinhou que “há uma preocupação grande com iniciativas legislativas que penalizam a competitividade dos operadores nacionais e têm impacto nos bancos”. Em causa está o travão a várias comissões, como a gratuitidade do processamento das prestações dos créditos à habitação, decidida pelo Parlamento.

“Não percebemos iniciativas legislativas como se os bancos tivessem rendas excessivas”, continuou, lembrando que há uma diferença de tratamento entre entidades nacionais e as de outros países.

O BCP apresentou uma quebra de 55% dos lucros obtidos no primeiro semestre, fixando-se nos 76 milhões de euros. A constituição de imparidades para créditos devido aos efeitos da covid-19 justificou grande parte deste desempenho.

Da mesma forma, a pandemia veio esfriar também a ideia de consolidação que pudesse vir a concretizar-se numa união entre o banco que tem como principais acionistas a Fosun e a Sonangol e o Novo Banco, segundo admitiu Miguel Maya.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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