Economia

Marques Mendes fala em acusação “robusta” a Salgado (e elogia quatro pessoas): “Vai ser muito difícil não haver condenações”

Marques Mendes fala em acusação “robusta” a Salgado (e elogia quatro pessoas): “Vai ser muito difícil não haver condenações”
PAULO CUNHA/LUSA

“Está aqui uma acusação como deve ser”

A acusação do Ministério Público no caso Banco Espírito Santo, que imputa a prática de 65 crimes a Ricardo Salgado, é “robusta” e, por isso, será difícil não haver condenações, mesmo que elas só venham a acontecer dentro de oito anos. A opinião e a convicção são de Luís Marques Mendes, deixadas no seu habitual espaço de comentário na SIC, este domingo.

“Está aqui uma acusação como deve ser, sólida, consistente e bem fundamentada. O Ministério Público está de parabéns, porque fez um trabalho como deve ser e uma acusação robusta”, declarou o também conselheiro de Estado, lembrando que já houve processos dos procuradores nacionais – como o dos Visto Gold – que considerou terem narrativas “sem solidez”.

Consultor da Abreu Advogados (concorrente da Uría, escritório onde trabalha Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado), Marques Mendes argumenta que a acusação conclui que havia “um grande polvo no Universo Espírito Santo" e que era, aliás, “um polvo com bom aspeto”, mas apenas com o intuito de “manter Ricardo Salgado sempre à tona”. Esse polvo, “além de meter dinheiro ao bolso”, tentou adiar, à custa do BES, a morte do Grupo Espírito Santo.

Para isso, havia uma “célula secreta”, traduziu Marques Mendes, referindo-se ao crime de associação criminosa, e frisando Salgado, o seu braço-direito de então, Morais Pires, e a diretora financeira, Isabel Almeida. “Esta célula funcionava à margem da família e da administração, quase não sabiam”, disse. “Tinha toda a gente na mão, à custa de bónus e recompensas”. Salgado, por exemplo, diz a acusação, ofereceu a si próprio 13 milhões de euros, sem pensar na situação patrimonial do BES, de acordo com o despacho final de acusação do Ministério Público.

No processo estão acusados 25 arguidos, 18 pessoas individuais, sendo que apenas três delas eram administradoras executivas do BES: Ricardo Salgado, Morais Pires e ainda José Manuel Espírito Santo.

Condenação virá em oito anos, acredita Mendes (que deixa quatro elogios)

Com a acusação abre-se a porta para o período da defesa dos acusados se poder pronunciar, que podem pedir a abertura da instrução para evitar irem a julgamento (como ocorre na Operação Marquês, em que Salgado também é acusado, ao lado do ex-primeiro-ministro José Sócrates).

“Evidentemente que agora vai seguir-se muita coisa, a instrução e o julgamento. Olhando para estes dados, vai ser muito difícil não haver condenações neste caso. A má notícia é que vai demorar sete ou oito anos”, disse o advogado, exemplificando com 2 anos e meio para instrução, o mesmo período para o julgamento e pelo menos mais dois para o recurso judicial. A defesa de Salgado já disse que irá até às últimas consequências.

Sobre este processo, Marques Mendes quis deixar elogios a quatro pessoas: ao governador em fim de mandato, Carlos Costa, (“termina o mandato com uma acusação que lhe vem dar razão”); Pedro Passos Coelho (“poucos primeiros-ministros teriam a coragem” de dizer não, alinhando no que vozes do PSD, de que foi líder, e da direita têm dito); José Maria Ricciardi (“foi, no seio da família, a única pessoa que bateu o pé quando a família dizia que era um exagero - e ele tinha razão”); e ainda o falecido empresário Pedro Queiroz Pereira (“teve atitude em vida muito corajosa, fez uma denúncia importante”).

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