Covid-19. BCP não paga bónus a administradores mas premeia trabalhadores (e cancela rescisões)
Há trabalhadores do BCP que estão em teletrabalho e que poderão continuar mesmo depois da pandemia
Há trabalhadores do BCP que estão em teletrabalho e que poderão continuar mesmo depois da pandemia
Jornalista
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O Banco Comercial Português (BCP) vai pagar bónus aos seus trabalhadores, mas decidiu que não irá pagar remuneração variável aos seus administradores. Além disso, estão congeladas as rescisões que estavam previstas.
“Relativamente à remuneração variável, a única coisa que posso dizer é que o BCP apresentou os melhores resultados dos últimos 12 anos”, lembrou Miguel Maya, presidente executivo do banco, na audição da comissão de Orçamento e Finanças esta terça-feira, 21 de abril.
Aos trabalhadores, frisou o líder do banco, vai ser pago o bónus. “Não é um montante que ponha em causa” a solvabilidade da instituição. Maya não o quantificou. O que é certo é que o valor vai somar aos 5,2 milhões de euros que são pagos como compensação pelos cortes salariais sentidos entre 2014 e 2017.
O mesmo não é verdade para a administração e a proposta da comissão executiva é de que não seja paga remuneração variável aos administradores, revelou Maya. No ano passado, a administração recebeu 4,9 milhões de euros em salários, havendo ainda remuneração variável de 536 mil euros em dinheiro (metade será diferida e paga só nos próximos anos) e 210 mil euros em ações.
O Banco Central Europeu já deu indicações de que esperava responsabilidade dos bancos no pagamento de bónus, depois de ter também recomendado o pagamento de dividendos (o BCP já indicou que não vai pagar aos acionistas este ano, à semelhança da restante banca nacional). No BPI, os administradores executivos renunciaram aos bónus (que podiam ir até 1,4 milhões de euros).
Em relação ao próprio quadro de pessoal, Maya declarou que não vai fazer os cortes previstos para 2020. “Tínhamos um programa de redução de custos ao longo deste ano, que implicava uma redução mais relevante de pessoas e não a vamos fazer, obviamente porque entendemos que não é neste momento” que se promove as rescisões, frisou.
De qualquer forma, em relação ao objetivo de preservação de empregos, o presidente executivo do BCP sublinhou que o lay-off simplificado criado pelo Governo não é o modelo certo para várias empresas.
Além disso, sublinhou que há situações de elevada produtividade com o teletrabalho, e isso terá implicações no futuro – “em algumas situações, vamos aproveitar para ter trabalho a partir de casa, desde que se consiga não perder a coesão da equipa”.
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