O Banco Comercial Português não vai mesmo pagar dividendos aos acionistas este ano. Fosun e Sonangol seriam as principais beneficiárias desta remuneração, que fica por pagar por conta da covid-19.
“Face aos potenciais impactos e à incerteza associada à situação de pandemia, e ainda que o banco integre o grupo de instituições financeiras sem limitações regulatórias específicas em matéria de distribuição de dividendos, o conselho de administração entendeu ainda propor à assembleia-geral anual a retenção dos restantes resultados relativos ao exercício de 2019, dos quais €13.929.601,66 para reforço da reserva legal, e o remanescente, no montante mínimo de €120.085.414,93, para resultados transitados”, indica o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O banco confirma assim a informação avançada pelo jornal Eco, de que não haveria dividendos este ano. “Tal proposta visa garantir que o banco esteja mais preparado para fazer face ao presente contexto de incerteza, tendo o conselho de administração reiterado a determinação de, uma vez ultrapassada a crise e na medida em que o banco e a economia nacional iniciem a sua recuperação, retomar a política de dividendos aprovada”, assinala a nota do conselho de administração presidido por Nuno Amado (Miguel Maya é o presidente executivo).
No ano passado, o BCP tinha voltado a pagar dividendos, ainda que de forma conservadora: 2 cêntimos por ação, num total de 30 milhões de euros. O caminho traçado era vir poder pagar até 40% dos resultados na remuneração acionista. Com a pandemia, esse objetivo fica mais distante.
Apesar de não pagar dividendos anuais aos acionistas, o BCP mantém a intenção de pagar a compensação aos trabalhadores que viram os seus salários cortados entre 2014 e 2017. No ano passado, tinha já havido a compensação de 12,6 milhões de euros. Este ano, vai repetir-se, mas num montante mais baixo.
Assim, a administração do banco vai propor “à assembleia geral anual a distribuição de até €1.000,00 a cada colaborador que, não tendo já sido integralmente compensado com os resultados distribuídos em 2019, se mantiver em funções na data de pagamento da remuneração correspondente a junho de 2020, até ao valor máximo global de € 5.281.000,00”.
Ou seja, haverá mil euros por funcionário que esteja em funções e que tenha sofrido os cortes durante aqueles quatro anos, desde que a compensação recebida no ano passado não tenha já compensado essas perdas.
Mesmo com esta medida, nem todas as parcelas dos salários cortados pelos trabalhadores entre 2014 e 2017 ficarão compensadas, já que o montante total se aproximava dos 30 milhões de euros. O BCP reitera, no comunicado, que prossegue o compromisso de propor sempre à assembleia geral a distribuição de resultados aos trabalhadores "que, de forma faseada, permita a entrega de um valor global acumulado pelo menos igual ao valor total não recebido nesse período"
Estas decisões saíram do conselho de administração que se realizou esta quinta-feira, sendo que agora têm de ser aprovadas pelos acionistas em assembleia-geral, que deverá ser a 20 de maio.
(notícia atualizada com mais informações pelas 21.40)
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