Mercado de eletricidade teve em março o preço mais baixo em quase quatro anos
Preço médio da energia elétrica para o mercado português em março caiu quase 23% face a fevereiro e atingiu um novo mínimo desde maio de 2016
Preço médio da energia elétrica para o mercado português em março caiu quase 23% face a fevereiro e atingiu um novo mínimo desde maio de 2016
Editor de Economia
O mercado ibérico de eletricidade (Mibel) observou em março uma nova queda do preço grossista a que a energia elétrica é transacionada entre produtores e comercializadores. O preço médio da eletricidade para Portugal em março foi de 27,8 euros por megawatt hora (MWh), o mais baixo valor em quase quatro anos.
Olhando para os registos do OMIE, o operador que gere o mercado "spot" (diário e intradiário) do Mibel, é preciso recuar a maio de 2016 para encontrar um preço médio mensal mais baixo: 24,93 euros por MWh nessa altura. A partir de junho de 2016 os preços subiram e foram tendo oscilações diversas, mas sempre com médias mensais acima dos 30 euros por MWh.
O valor de março, que o Expresso calculou a partir dos preços médios diários do corrente mês (incluindo o preço para esta terça-feira, 31 de março, que está já publicado), traduz uma queda de 22,7% face ao preço médio de fevereiro, que foi de 36 euros por MWh. Em janeiro o preço grossista da eletricidade em Portugal tinha sido de 40,9 euros por MWh, acima dos 33,7 euros de dezembro.
A queda do preço de mercado da eletricidade em março reflete uma descida acentuada do consumo (devida principalmente à pandemia de Covid-19 e o seu impacto na atividade económica), bem como a elevada disponibilidade de fontes renováveis e ainda o reduzido custo do gás natural, utilizado como combustível nas centrais de ciclo combinado que fazem o "backup" do sistema elétrico nacional para fornecer energia quando as renováveis não estão a produzir.
A acentuada descida do preço de mercado da eletricidade não terá impacto direto para a maioria dos consumidores residenciais em Portugal, cujas faturas assentam em tarifários que são normalmente revistos numa base anual. No entanto, clientes que tenham tarifários diretamente indexados às variações do mercado grossista podem beneficiar da descida.
A redução do preço grossista poderá, ainda assim, ter efeitos benéficos para a generalidade dos consumidores, caso os atuais níveis de preços se mantenham nos próximos meses, cavando uma diferença significativa face ao preço de referência que o regulador da energia usou na fixação das tarifas que suportamos no corrente ano.
Como o Expresso escreveu sexta-feira, os contratos futuros do Mibel apontam para uma continuidade de preços relativamente baixos nos próximos trimestres. Os contratos para o segundo trimestre do ano observaram, ao longo do último mês, uma queda de preço de 27%, acompanhando a queda do preço "spot".
Com um preço de referência de 54 euros por MWh usado pelo regulador e um preço real no mercado significativamente abaixo daquele valor, o sistema elétrico acumulará um excedente tarifário que poderá permitir para as tarifas elétricas de 2021 um alívio na fatura da luz.
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