Economia

BCE lança novo programa de estímulos de €750 mil milhões

Numa reunião de emergência esta quarta-feira, face à turbulência no mercado da dívida da zona euro, o Banco Central Europeu decidiu criar um programa massivo de compra de ativos que vigorará, pelo menos, até final do ano. Além disso, mantém o atual programa de compra em vigor de €360 mil milhões até final do ano

O Banco Central Europeu (BCE) numa reunião de emergência realizada esta quarta-feira decidiu avançar com um programa especial de compra de ativos envolvendo um montante de 750 mil milhões de euros que batizou de Pandemic Emergency Purchase Programme, criando mais um acrónimo, PEPP, na galeria de programas de que dispõe.

Este programa temporário direcionado para atacar os problemas levantados pela pandemia do coronavírus corre com um envelope em paralelo ao programa em curso de aquisição de ativos (conhecido pela sigla APP) que, ainda na semana passada, foi reforçado em 50%, apontando para um montante, até final de ano, de 360 mil milhões de euros.

Somando os dois programas até final de ano, o BCE vai injectar, a partir der abril, 1050 milhões de euros, o que significa, em média, um volume mensal de mais de 116 mil milhões, um montante que, nem mesmo no pico do QE entre abril de 2016 e março de 2017, foi atingido (então a média mensal foi de 80 mil milhões).

Tolerância zero

Trata-se da resposta do BCE à recente turbulência no mercado da dívida da zona euro, com um disparo dos juros (yields) das obrigações, com particular incidência nos periféricos, incluindo Espanha, Grécia, Itália e Portugal.

"O BCE não tolerará nenhuns riscos à transmissão adequada da sua política monetária em todas as jurisdições da zona euro", lê-se no comunicado. Nesta frase, as palavras-chave são "não tolerará" e "em todas as jurisdições" (ou seja, os periféricos não serão deixados à sua sorte).

Apenas cinco dias depois da reunião regular realizada a 12 de março, o BCE corrige a gaffe da sua presidente (ao ter dado a entender que deixava o disparo do prémio de risco italiano à sua sorte) e reforça significativamente o programa de aquisição de ativos, que somará, no final do ano, mais de 1,1 biliões de euros.

Tal como com o reforço do programa regular de compra de ativos, este envelope especial será gerido de "um modo flexível" em termos de compras mensais e de ativos abrangidos.

O BCE admite rever os limites (33% por cada linha e para cada país) para a aquisição de títulos e ampliou o leque de ativos do sector privado elegíveis. Para a dívida pública, mantêm-se as chaves de capital para cada país e incluem-se, pela primeira vez, nos programas de compra de dívida as obrigações gregas.

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