Economia

Coronavírus: as medidas da banca para aliviar custos a comerciantes e particulares

Coronavírus: as medidas da banca para aliviar custos a comerciantes e particulares
Foto Getty Images

Participação em linhas de crédito e fim de comissões em transferências fazem parte das primeiras propostas da banca para conter o impacto da crise gerada pela Covid-19. Mas a pandemia deverá obrigar a uma atuação mais musculada, nomeadamente com o envolvimento do Governo

Coronavírus: as medidas da banca para aliviar custos a comerciantes e particulares

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Redução das comissões para os comerciantes quando aceitam pagamentos de clientes por cartões, mesmo que montantes diminutos. Isenção nas transferências feitas por canais digitais. Linhas de crédito para compensar quebras de receitas. Os bancos começaram a apresentar as primeiras medidas para o combate aos efeitos da pandemia de Covid-19.

Além disso, haverá a apresentação de um pacote de medidas pelo Governo esta quarta-feira, em que a banca terá uma palavra importante, algo que irá em linha com o que foi dito por António Costa na entrevista à SIC de segunda-feira.

Para já, há propostas para limitar o impacto sobre comerciantes e particulares, sendo que, na área seguradora, há outras medidas em implementação.

Comerciantes

O BCP anunciou esta terça-feira, 16 de março, três medidas que estarão em vigor até 30 de junho. Deixa de haver uma comissão mínima nas transações feitas por comerciantes em terminais de pagamentos automáticos (TPA). Ou seja, quando um consumidor pagar, independentemente do valor, o comerciante não terá de pagar a comissão mínima, uma proposta que visa incentivar o pagamento por cartões e reduzir a utilização de moeda física. Esta decisão vai em linha com o que já tinha sido feito pelo Novo Banco, que tinha acabado com os custos fixos destas transações.

Também haverá incentivo ao pagamento por MB Way. “Por forma a permitir o pagamento com a simples utilização do telemóvel do cliente e para procurar evitar o manuseamento de moeda física, o Millennium bcp irá suspender por três meses as comissões que incidem sobre os comerciantes, relativas aos pagamentos por MBWay”, diz o banco comandado por Miguel Maya.

Ainda no mesmo sentido, o BCP também vai deixar de cobrar a mensalidade devida pelo uso destes terminais quando se tratem de comerciantes que tiveram de encerrar a atividade por dificuldades temporárias devido ao surto.

O Novo Banco também avançou para a isenção de custos no serviço de homebanking para novos pedidos, e aponta para a criação de uma linha de conta corrente para comerciantes e pequenos negócios afetados pela pandemia, com isenção de comissões nos primeiros seis meses.

O banco também aceita pedidos de crédito para a linha capitalizar Covid-19, que tem prazo até quatro anos e carência de um ano, sendo que promete uma aprovação no prazo máximo de 24 horas.

Aqui, a Caixa Geral de Depósitos também indicou que participará numa nova linha de crédito no âmbito do Capitalizar. O Jornal de Negócios assinalou que esta linha, patrocinada pelo Estado, já conta com uma dezena de adesões da banca, prevendo-se o apoio a empresas com necessidades de curto prazo (com quebras de 20% das receitas).

O BBVA lançou uma linha de crédito também “para ajudar as empresas a gerir o impacto financeiro que a atual pandemia da Covid-19 está a provocar na sua tesouraria”. O banco de capitais espanhóis indicou, igualmente, que, na utilização dos canais digitais para a realização de transferências de ordenados, não serão cobradas comissões “por tempo indeterminado”.

Particulares

Em relação aos particulares, o BBVA também isentou as transferências. Algo que outros bancos, como o Novo Banco, também já tinham decidido, nomeadamente por via MB Way.

O banco liderado por António Ramalho também avançou com a anuidade gratuita do cartão de débito para novos pedidos e o mesmo para o cartão pré-pago (NB Pocket).

Seguros

Em relação a seguros, a Fidelidade também já tinha assegurado que, por via da Multicare, iria isentar os clientes com seguro de saúde que precisassem de realizar o teste de despiste à Covid-19 por prescrição médica.

Já o Novo Banco reforça que, com base no acordo com a GNB Seguros, assegura cobertura, nos seguros de saúde, para consultas, tratamentos e exames realizados no âmbito da Covid-19. O banco também refere que é possível utilizar os seguros de proteção de salário (nos casos de baixa por doença) e de proteção ao crédito.

Estas são as primeiras medidas, comunicadas por iniciativa dos bancos, sabendo-se que António Costa já indicou que as entidades bancárias precisam de mostrar responsabilidade social e que estão a trabalhar num pacote de apoio generalizado e destinado à economia real.

A nível europeu e nacional, os supervisores já indicaram que vão flexibilizar as regras de supervisão e de regulação. Por sua vez, a Comissão Europeia indicou esta quarta-feira que há apoios que podem ser concedidos sem violar as regras europeias – e incluiu aí eventuais ajudas às instituições financeiras.

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