Christine Lagarde não passou no ‘teste Draghi’ esta quinta-feira. Apesar de ter dito na conferência de imprensa, que se seguiu à reunião dos banqueiros centrais do euro, que “confiem em mim, nós vamos fazê-lo”, o afundamento das bolsas continuou na Europa. A sessão está a transformar-se numa quinta-feira negra com perdas superiores à segunda-feira negra de 9 de março, no início desta semana.
O pacote do Banco Central Europeu (BCE) aumentando em 50% as compras anuais de ativos e facilitando a liquidez para a economia real através das linhas de financiamento à banca não alterou o pânico nas praças do Velho Continente.
Depois da conferência de imprensa terminar, sete bolsas europeias registavam derrocadas superiores a 10%. Nessa hecatombe incluem-se os índices de Paris, Madrid e Milão. Lisboa não se incluía nesse lote da frente, mas o índice PSI 20 recuava quase 8%. Do outro lado do Atlântico, Wall Street derrocava mais de 8% ainda a sessão da manhã não terminou.
Erro clamoroso de Lagarde
A turbulência agitou também o mercado da dívida pública depois de um comentário de Lagarde de que “não é missão do BCE diminuir spreads”, em resposta a uma pergunta sobre o disparo do prémio de risco da dívida italiana. A presidente do BCE disse que esse problema era para ser lidado “com outras ferramentas e por outros atores”.
Este “erro” clamoroso, como logo o classificou Nouriel Roubini num tweet, provocou uma subida ainda mais acentuada dos prémios de risco, não só de Itália, como dos outros periféricos mais endividados do euro.
Roubini sublinhou que, em certas condições, face a um disparo dos prémios de risco, os membros do euro podem recorrer ao famoso programa conhecido pelo acrónimo OMT (Transacções Monetárias Definitivas, Outright Monetary Transactions) do BCE criado por Draghi em 2021, mas que nunca foi à prática.
Lagarde corrigiria posteriormente o tiro em declarações ao canal CNBC dizendo que "estava verdadeiramente comprometida a evitar qualquer fragmentação num momento difícil para a área do euro".
O prémio de risco da dívida italiana subiu quase 50 pontos-base (meio ponto percentual) em relação ao fecho de quarta-feira. Está, agora, acima de 240 pontos aproximando-se do prémio da dívida grega. O prémio para a dívida portuguesa subiu 33 pontos desde o dia anterior, situando-se, agora, em 140 pontos-base, e está acima do espanhol que aumentou 24 pontos.
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