“É possível”. Mário Centeno admite fim do défice já em 2019
Não deverá ser preciso esperar por 2020 para a economia portuguesa registar o primeiro excedente orçamental em democracia. O ministro das Finanças admite que possa ter ocorrido já em 2019
Não deverá ser preciso esperar por 2020 para a economia portuguesa registar o primeiro excedente orçamental em democracia. O ministro das Finanças admite que possa ter ocorrido já em 2019
Jornalista
Esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística anunciou que a economia portuguesa cresceu, afinal, mais do que o esperado no ano passado. E Mário Centeno, de máquina de calcular na mão, já tem uma ideia das repercussões: o cenário de o Estado ter fechado já 2019 com um excedente nas contas públicas está, agora, mais perto.
“É possível”, admitiu o ministro das Finanças numa entrevista à Reuters.
A perspetiva de o superavite ser antecipado um ano face às previsões do Governo começou a ganhar forma no final de janeiro quando a Direção-Geral do Orçamento veio dizer que em 2019 as contas públicas fecharam com um défice de 599 milhões de euros, refletindo uma melhoria de 1.643 milhões de euros face a 2018. Este défice em contabilidade pública, com ajustamentos, poderia transformar-se num excedente em contablidade nacional (o método que conta para Bruxelas).
Contudo, nas Finanças, onde os números são acompanhados à centésima, o cenário ficou reservado, devido à magnitude dos ajustamentos que ainda estavam pela frente, nomeadamente a indemnização de 200 milhões de euros à concessão rodoviária do Douro Litoral. Como respondeu o secretário de Estado do Orçamento ao Expresso, “daqui a duas ou três semanas saberemos”. E, oficialmente, a previsão manteve-se: em 2019 um défice de 0,1% do PIB, com o superavite a chegar apenas em 2020.
Contudo, a melhoria do desempenho da economia em 2019, esta sexta-feira conhecida, torna tudo mais fácil. Segundo o INE, a economia cresceu 2,2% em 2019, mais duas décimas do que o antecipado há poucas semanas, na estimativa rápida, sobretudo devido a uma aceleração pronunciada do investimento.
À luz desta evolução, que supera todas as projeções das principais organizações nacionais e internacionais, Mário Centeno diz agora que o cenário “possibilita” um excedente já em 2019.
A confirmar-se, Mário Centeno, que estará de abalada do Governo, poderá já levar consigo o palmarés de ter sido, não só o ministro das Finanças com mais longevidade da democracia, mas também o que fechou um exercício com um excedente orçamental (e não apenas o de ter feito o seu planeamento).
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