Centeno: “Estou a caminho de ser o ministro das Finanças mais longevo da democracia”

Mário Centeno, Portugal, as Finanças, o Eurogrupo e o Benfica em cinco frases
Mário Centeno, Portugal, as Finanças, o Eurogrupo e o Benfica em cinco frases
Jornalista
O Ministro das Finanças, Mário Centeno, confessa que teve de aprender a entrar no jogo político e adora um bom debate, diz que o “excedente orçamental é o melhor investimento nas novas gerações” e confirma Trump como um dos principais riscos para a economia mundial, pela imprevisibilidade. E ainda vai à Luz ver o Benfica? “Neste momento não tenho vida para o red pass...”, diz numa entrevista publicada na edição desta quinta-feira da revista Visão. Tudo resumido em 10 citações diretas:
Estou a caminho de ser o ministro das Finanças mais longevo da democracia. Já fiz aprovar cinco orçamentos. Mas para que isto não tenha outra interpretação que não estatística, na política e no cargo que desempenho, quer como presidente do Eurogrupo quer como ministro das Finanças, nós não somos, nós estamos. E mantenho-me focado nas minhas tarefas, que são exigentes, mas das quais não me queixo.
Por altura do Natal, há dois anos, ofereci um livro do José Saramago, uma tradução ou na língua mais próxima a todos eles (colegas do Eurogrupo). E, este ano, fiz exatamente a mesma coisa com um livro do Gonçalo M. Tavares. Procuro dar um sinal de que a presidência do Eurogrupo valoriza, também, a dimensão cultural – e afetiva.
O que constato é que o Orçamento foi aprovado e com mais de mil milhões de euros aprovados, na especialidade, pelo conjunto de partidos que têm sido parceiros no trajeto desde 2015. A responsabilidade de que todos estes partidos deram provas é algo que ainda não conseguimos avaliar do ponto de vista histórico, mas que podemos comparar com outras latitudes europeias, para perceber a importância das conquistas que Portugal teve.
Se não estivermos focados no próximo jogo, podemos não sobreviver ao seguinte... Nós fizemos com que passasse a ser normal cumprir os objetivos orçamentais, acertar nas previsões macroeconómicas, ou até a ser superada a realidade, e isso não é por causa do BCE nem é por sorte. O nosso papel é exigente, como é exigente o papel desses treinadores de futebol (que dizer estar focados no próximo jogo).
Adoro um bom debate. No campo dos argumentos gosto de um debate rasgadinho. Se quisermos explicar muito bem, temos de ser muito claros.
Foi um trajeto. Nenhum desses momentos (saída de Portugal do défice excessivo? Presidência do Eurogrupo? Atingir o excedente orçamental) teria sido possível sem os outros (…). Eu, como ministro das Finanças, sou responsável pela estabilidade financeira do país e por atingir um conjunto de metas e de objetivos do qual depende a evolução económica e social de Portugal. Isso é uma responsabilidade que, honestamente, só mesmo quem já a viveu é que pode conseguir avaliar e valorizar devidamente.
Pela imprevisibilidade (…) e a incerteza não é boa para os investimentos, não é boa para que os agentes económicos tomem decisões.
Vai necessitar de execução orçamental e da economia, mas é muito robusto (este ano). E esse excedente é o melhor investimento que nós podemos fazer nas novas gerações.
Tudo isso é traumático e não são momentos fáceis para o ministro das Finanças. Mas eles têm de ser compreendidos na sua essência. Hoje temos um sistema financeiro estabilizado. Por exemplo, ao devolver dividendos ao Estado, a Caixa está a devolver aquilo que foi investimento que os portugueses ali fizeram. E temos um processo no Novo Banco que está nos seus estágios finais.
O Red Pass agora, lá em casa, está mais dedicado à geração mais nova. Neste momento não tenho vida para o Red Pass.
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