A tecnológica luso-britânica fundada por José Neves apresentou esta quinta-feira os seus resultados relativos ao terceiro trimestre, com receitas acima e perdas abaixo das expetativas dos analistas. Entre julho e setembro, os prejuízos da Farfetch situaram-se nos 85,4 milhões de dólares (77,6 milhões de euros), mais 11% do que registados no mesmo período do ano passado - mas menos do que os 89,6 milhões de dólares do segundo semestre de 2019 (justificados pela compra da New Guards Group).
Também os resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) aumentaram 10% para -35,6 milhões de dólares (32,3 milhões de euros) face ao período homólogo.
Mas as receitas da Farfetch deram um salto de 90% para 255,5 milhões de dólares (232,1 milhões de dólares), acima dos 134,5 milhões de dólares alcançados no mesmo período do ano passado e das expetativas dos analistas (243,6 milhões de dólares). Da mesma forma, o valor bruto da mercadoria - valor ao qual é vendido o produto na plataforma de comércio online que agrega marcas de roupa e acessórios de luxo, retalhistas e consumidores - ficou acima das expetativas da empresa: aumentou 59% para 492 milhões de dólares (445 milhões de euros) e não 30% ou 35% como a empresa previa.
“Tivemos um terceiro trimestre fantástico, que bateu todas as nossas expetativas, e continuamos a ganhar rapidamente quota de mercado”, aponta o fundador e presidente executivo da empresa, José Neves, em comunicado, mostrando satisfação com os resultados da aquisição do New Guards Group. “Com 1,8 mil milhões de valor bruto da mercadoria na plataforma digital e 1,9 milhões clientes ativos ao longo dos últimos 12 meses, a Farfetch é, nesta época, líder no mercado de luxo online.”
Acima de tudo, a Farfetch compromete-se finalmente com uma data para alcançar o break-even (equilíbrio). Questionado acerca das expetativas da empresa para alcançar a rentabilidade durante uma conferência telefónica com os investidores, o diretor financeiro Elliot Jordan responde que 2021 é uma possibilidade. “Parece-nos uma data aceitável neste momento.”
Os investidores deram um voto de confiança à empresa, depois de um ano de quedas sucessivas em bolsa, marcado pela venda da participação que o grupo editorial Condé Nast tinha na empresa (preocupado com a gestão da empresa) e a saída do diretor de operações Andrew Robb: esta quinta-feira, no mercado after-hours, as ações da Farfetch dispararam 16% para 8,7 dólares.
Neste momento, o valor das ações situa-se nos 9,05 dólares por ação. Este é, contudo, ainda bastante distante dos 20 dólares que chegou a cotar em setembro de 2018 aquando da entrada em bolsa (e dos 30 dólares alcançados em março).
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