Renováveis pouparam 2,4 mil milhões de euros na fatura da luz na última década
Estudo da Deloitte para a Apren aponta vantagens das energias limpas no plano macroeconómico e na fatura elétrica dos portugueses
Estudo da Deloitte para a Apren aponta vantagens das energias limpas no plano macroeconómico e na fatura elétrica dos portugueses
Editor de Economia
A produção de eletricidade a partir de fontes renováveis permitiu ao sistema elétrico português acumular uma poupança de 2,4 mil milhões de euros ao longo da última década, revela um estudo que a consultora Deloitte fez para a Apren - Associação Portuguesa de Energias Renováveis.
O valor, que se refere ao período de 2010 a 2018, resulta da diferença entre o sobrecusto que a produção renovável teve para os consumidores portugueses através das suas tarifas garantidas de venda à rede (7570 milhões de euros) e o custo que a eletricidade teria se essa produção de fontes limpas não existisse (10 mil milhões de eletricidade), já que, estima a Deloitte, a inexistência dos volumes de energia renovável no mercado teria feito o preço grossista subir em 24,2 euros por cada megawatt hora (MWh).
O efeito nos preços praticados no mercado elétrico foi um dos aspetos que a Deloitte analisou para avaliar o impacto económico das renováveis, atualizando outros estudos que no passado a Apren já tinha divulgado para defender os méritos da energia verde.
Segundo o estudo da Deloitte, as renováveis terão tido em 2018 um impacto direto no PIB de 1,8 mil milhões de euros e um impacto indireto de 1,48 mil milhões de euros. A consultora estima que em 2030, fruto do reforço previsto na capacidade renovável em Portugal, estas fontes deverão gerar um impacto direto no PIB de 5,6 mil milhões de euros, e impacto indireto de 5,36 mil milhões.
O mesmo estudo debruçou-se sobre o emprego gerado pelas empresas de renováveis, tendo identificado 1360 empregos diretos no final de 2018 e projetando para 2030 a existência de 4274 empregos diretos.
A Deloitte estima ainda que no plano ambiental o crescimento previsto para as renováveis em Portugal permitirá evitar emissões de CO2 avaliadas em 784 milhões de euros. Em 2018 as emissões evitadas de CO2 resultantes da produção renovável no setor elétrico permitiram poupar 180 milhões de euros em licenças de emissão.
Já em matéria de dependência do exterior, a Deloitte prevê que as renováveis permitirão a Portugal baixar a dependência energética para 65,76%, 25 pontos abaixo dos 91% que o país registaria sem renováveis no sistema. A taxa de dependência energética que efetivamente se verifica em Portugal tem rondado nos últimos anos os 80%.
De acordo com a Deloitte, o incremento na produção de eletricidade renovável em Portugal permitirá ainda ao país uma poupança acumulada, no período de 2014 a 2030, de 32 mil milhões de euros na importação de combustíveis fósseis, nomeadamente carvão e gás natural.
O Plano Nacional de Energia e Clima para 2030 prevê que Portugal tenha 80% da sua eletricidade gerada a partir das renováveis, mas 20% ainda virão de centrais termoeléctricas a gás natural, que deverão funcionar durante várias décadas como backup do sistema elétrico nacional, para compensar a intermitência de algumas fontes limpas, como a eólica, a solar e a hídrica.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mprado@expresso.impresa.pt