Economia

Cervejas, construção, energia, finanças: Concorrência já aplicou coimas de 340 milhões na liderança de Margarida Matos Rosa 

Margarida Matos Rosa, presidente da AdC
Margarida Matos Rosa, presidente da AdC
TIAGO PETINGA/LUSA

Uma multa recorde de 225 milhões de euros na banca na segunda-feira, depois de uma outra recorde de 54 milhões de euros nos seguros em agosto. Em pouco mais de um mês o sector financeiro foi alvo de coimas no valor de 279 milhões de euros da Autoridade da Concorrência (AdC). Margarida Matos Rosa já aplicou coimas globais no valor de 342,9 milhões de euros

Cervejas, construção, energia, finanças: Concorrência já aplicou coimas de 340 milhões na liderança de Margarida Matos Rosa 

Anabela Campos

Jornalista

Cervejas, construção, energia, finanças: Concorrência já aplicou coimas de 340 milhões na liderança de Margarida Matos Rosa 

Isabel Vicente

Jornalista

Margarida Matos Rosa, presidente da Autoridade da Concorrência (AdC), tem-se revelado um regulador musculado. Banca, seguros, energia, saúde, construção, bebidas, distribuição e publicidade são setores que têm estado na mira da Autoridade da Concorrência nos últimos anos, parte deles viram chegar coimas avultadas depois de Margarida Matos Rosa ter assumido a liderança da Autoridade da Concorrência, em novembro de 2016. Globalmente já foram aplicadas coimas de 342,9 milhões de euros. A maioria estão a ser contestadas em tribunal.

O processo da banca resultou de uma queixa em 2012, mas arrastava-se desde 2015, altura em que foi emitida a nota de ilícitude contra 14 instituições bancárias. A condenação chegou na segunda-feira ao fim da tarde com uma coima global de 225 milhões. A maior coima foi aplicada à CGD (82 milhões deuros), seguida do BCP (60 milhões de euros), o Santander (35 milhões) e o BPI (30 milhões). Os bancos já disseram que vão recorrer.

Um mês antes, a 2 agosto, soube-se que a AdC tinha aplicado uma coima recorde de 54 milhões, e os visados foram a Lusitânia, a Zurich, a Fidelidade e a Multicare. São acusadas de estarem a operar em cartel, e de combinarem entre si os valores que aplicavam aos grandes clientes empresariais, na contratação de de seguros de acidentes de trabalho, saúde e automóvel. A Fidelidade e Multicare já pagaram 12 milhões de euros. A seguradora Unidas que fez a denúncia, ao abrigo do programa de clemência, foi dispensada do pagamento de coima.

O verão foi animado. A 25 de julho a AdC avançava com a condenação à Super Bock por práticas restritivas de concorrência. sendo visado também um administrador e um diretor da empresa. As coimas ascendem a 24 milhões de euros e o período a que se referem as restrições de concorrência durou mais de 10 anos, entre 2006 e 2017. Em causa está a fixação de preços mínimos e outras condições de transação relativas à revenda dos seus produtos a hóteis, cafés e restaurantes, o chamado canal Horeca. A Super Bock é acusada de uma restrição grave da concorrência, afetando os mercados de distribuição de cervejas, águas, refrigerantes, vinhos e sangrias. O processo foi aberto após denúncias de ex-distribuidores da Super Bock, em junho de 2016.

A área da distribuição e energia foram alvo da primeira coima sob a liderança de Margarida Matos Rosa.

A EDP - Energias de Portugal, a EDP Comercial, a Sonae Investimentos e a Sonae Modelo Continente e Hipermercados foram condenadas pela AdC ao pagamento de uma coima no valor total de 38,3 milhões de euros. O regulador acusa-as de terem feito acordos de não concorrência na comercialização de energia elétrica, gás e bens alimentares durante dois anos. Em causa esteve a campanha comercial "Plano EDP Continente" que decorreu no ano de 2012. O processo foi aberto em dezembro de 2014 e a decisão da Concorrência é de maio de 2017. A condenação foi objeto de recurso para o tribunal.

As construtoras também foram visadas. Em setembro de 2018 a AdC avançou com uma acusação por cartelização a cinco empresas que atuam na área manutenção ferroviária: Mota Engil, Comsa, Somague, Teixeira Duarte e Vossloh. São acusadas de constituirem um cartel em concursos públicos lançados pela Infraestruturas de Portugal, em 2014 e 2015, restringindo assim o o bom funcionamento do mercado. O processo ainda não está concluído, mas já foram aplicadas coimas no valor de 1,270 milhões de euros.

A coima mais baixa foi aplicada às escolas de condução. A 28 de setembro de 2017 a Autoridade da Concorrência condenou a Associação Portuguesa de Escolas de Condução (APEC) pela prática da imposição de preços mínimos nas carta de condução. Em causa estava a prestação de serviços de ensino de condução nad áreas da Grande Lisboa e de Setúbal. A prática ilícita teve inicio a 28 de setembro de 2016 e envolveu cerca de 170 escolas de condução. A coima aplicada pela AdC ascendeu a 400 mil euros. Foi aplicada ainda ao presidente da associação uma multa de mais de 13 mil euros por ter tido conhecimento das infrações em causa e nada ter feito para as impedir.

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