Economia

BCP confirma dividendo de €30 milhões, dá €12,6 milhões aos trabalhadores e contrata ex-BPI para administrador

Miguel Maya sucede a Nuno Amado para liderar um ciclo de crescimento no banco. Amado continua como chairman
Miguel Maya sucede a Nuno Amado para liderar um ciclo de crescimento no banco. Amado continua como chairman
ana baião

Trabalhadores do BCP vão receber, este ano, cerca de um terço do montante salarial cortado entre 2014 e 2017, segundo a administração vai propor aos acionistas. Equipa de Amado e Maya também confirma a proposta de pagamento de 2 cêntimos por ação. É a primeira vez que os acionistas receberão dividendos desde 2010

BCP confirma dividendo de €30 milhões, dá €12,6 milhões aos trabalhadores e contrata ex-BPI para administrador

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A administração do Banco Comercial Português vai pagar um dividendo de 2 cêntimos aos acionistas, num total de 30 milhões de euros. Vai distribuir 12,6 milhões pelos trabalhadores, como compensação pelos cortes salariais, cerca de 30% do total retido entre 2014 e 2017. Além disso, também vai alargar o conselho de administração, chamando um nome que pertenceu à equipa de Fernando Ulrich no BPI.

O conselho de administração do BCP reuniu-se esta terça-feira, 23 de abril, e fechou já as propostas que vai levar à assembleia-geral de 22 de maio, que dizem respeito aos dividendos aos acionistas (um pagamento que não era feito desde 2010), e à compensação aos trabalhadores.

“Com base nos resultados consolidados relativos ao exercício de 2018, divulgados publicamente no dia 21 de fevereiro do corrente, [a administração decidiu] propor à assembleia geral anual: - a distribuição de um dividendo de €0,002 por ação”, indica o comunicado divulgado pela instituição que tem Miguel Maya como presidente executivo à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Esta remuneração tinha sido já assumida pelo banco e é agora confirmada. A decisão final caberá aos acionistas da instituição: a Fosun detém 27%, a Sonangol 19,5%.

Trabalhadores recebem um terço do montante cortado

Outra das propostas da administração, cujo presidente é Nuno Amado, prende-se com a “distribuição de resultados no montante de €12.587.009,00 pelos colaboradores”. Estes 12,6 milhões de euros são pagos “no âmbito do processo de compensação pela redução de salários acordada ao abrigo do Acordo Coletivo de Trabalho, conforme redação publicada em 29 de março de 2014, no Boletim do Trabalho e Emprego nº 12”.

Em 2014, ficou acordado um conjunto de cortes salariais aos trabalhadores entre 3% e 11% no BCP, aplicados sobre os salários mensais brutos acima dos 1.000 euros, depois da injeção estatal de 3 mil milhões de euros através dos instrumentos financeiros que poderiam vir a transformar-se em ações (os denominados CoCos). No verão de 2017, depois da entrada da Fosun como acionista, que permitiu pagar aqueles CoCos, os cortes foram anulados. Mas ficou sempre o compromisso da equipa de gestão, na altura liderada por Nuno Amado, de devolver no futuro o equivalente aos montantes cortados naqueles anos.

Aos sindicatos, tinha sido dada a indicação de que haveria, este ano, a devolução do equivalente a 25% desse montante. Sabe-se que o valor retido aquando dos cortes salariais se encontra em torno dos 30 milhões de euros, pelo que a percentagem agora proposta pela administração não estará muito distante.

Novo administrador após reticências do BdP

Entretanto, na reunião da administração, ficou decidido cooptar “Fernando Costa Lima como administrador não executivo e vogal da comissão de auditoria, preenchendo assim a vaga existente no conselho de administração, propondo à assembleia-geral a ratificação de tal cooptação”.

Fernando Costa Lima foi diretor-central no Banco BPI, tendo também sido administrador da área de investimento do grupo (o Banco Português de Investimento SA) até ao final de 2017, segundo a sua página oficial no Linkedin. Para administrador não executivo, o BCP chama o professor que foi também o primeiro presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, entre 1991 e 1995.

Costa Lima vai preencher a vaga deixada pelo facto de não ter sido concluído o processo de autorização ao exercício de funções a Norberto Rosa, ex-Banco de Portugal, que era candidato a administrador não executivo e presidente da comissão de auditoria.

A auditoria da EY feita à gestão da Caixa Geral de Depósitos, onde foi administrador executivo, foi o motivo para as reticências levantadas pelo supervisor português, que foi depois acompanhada da desistência de Norberto Rosa, que transitou para secretário-geral da Associação Portuguesa de Bancos.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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