O Banco Comercial Português propõe pagar, no imediato, pelo menos um quarto do valor das remunerações que foram cortadas entre 2014 e 2017 aos seus trabalhadores. A compensação por estes cortes salariais era uma intenção da administração, mas não será integral no imediato.
Segundo o comunicado publicado pelos sindicatos bancários da Febase (SBC e SBSI), houve uma reunião entre as direções sindicais e a administração do banco no passado dia 5 de abril. “Debatendo a compensação do ajuste salarial, resultou que o banco reporá um mínimo de 25% do valor já em 2019, e em numerário” indica o documento.
Os cortes salariais de entre 3% e 11% no BCP, aplicados sobre os salários mensais brutos acima dos 1.000 euros, foram implementados em 2014, depois da injeção estatal de 3 mil milhões de euros através dos instrumentos financeiros que poderiam vir a transformar-se em ações (os denominados CoCos). No verão de 2017, depois da entrada da Fosun como acionista, que permitiu pagar aqueles CoCos, os cortes foram anulados. Mas ficou sempre o compromisso da equipa de gestão, na altura liderada por Nuno Amado, de devolver no futuro o equivalente aos montantes cortados naqueles anos.
O BCP contava, no fim de 2018, com um quadro de 7.095 trabalhadores na atividade nacional. Em 2013, antes da aplicação dos cortes salariais, eram mais de 8.500 funcionários. Segundo estimativas do próprio banco, o valor retido com os cortes ascende a cerca de 30 milhões de euros.
Decisão tomada a 22 de maio
Este é um tema que se tem mantido nos últimos tempos, e que os trabalhadores e sindicatos têm pedido que seja resolvido – a par das negociações para aumentos salariais.
A nova comissão executiva, encabeçada por Miguel Maya (que era já vice-presidente de Nuno Amado), manteve o mesmo compromisso de compensação pelos cortes salariais, mas nunca se comprometendo com o modelo: em quanto tempo, nem em que moldes.
"O BCP encontra-se em processo de negociação com os sindicatos, pelo que não considera oportuno efetuar qualquer comentário sobre os temas que estão a ser abordados nas reuniões nem sobre a forma como estão a decorrer as negociações", diz ao Expresso a assessoria de imprensa do banco.
Sendo assim, não é claro quando haverá a concretização da restante devolução dos montantes cortados. A proposta encontra-se sob discussão, não havendo ainda uma decisão formal. A sua versão final será apresentada à assembleia-geral de acionistas, que se realiza no dia 22 de maio. E é aí que ficará definido se a compensação é mesmo de 25% do montante ou de valores superiores - o que terá implicações nas reposições a terem lugar nos anos seguintes, segundo informações obtidas pelo Expresso.
Aliás, este pagamento faseado, a decidir naquela data, iniciar-se-á no mesmo ano em que o BCP vai voltar a distribuir dividendos aos seus acionistas. A proposta da comissão executiva é de pagar na remuneração acionista cerca de 30 milhões de euros, o equivalente a 10% do lucro alcançado em 2018. A decisão final também será na mesma assembleia-geral.
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