26 março 2019 20:09
Florbela Lima
antónio cotrim/lusa
Estes três clientes sobre os quais não existe informação encontram-se no grupo dos maiores devedores da instituição financeira revelados pelo relatório de auditoria da EY
26 março 2019 20:09
Nem a empresa que analisou os principais créditos da Caixa Geral de Depósitos conseguiu chegar a informação sobre três grandes clientes específicos do banco público. Estes três clientes encontram-se no grupo dos 25 maiores devedores da instituição financeira, revelados pelo relatório de auditoria da EY, mas cuja identificação final nunca foi feita publicamente, já que o documento está truncado.
Sobre eles, não há informação disponível, segundo confirmou Florbela Lima, a auditora da EY que foi a responsável pelo relatório de auditoria que analisou os atos de gestão praticados entre 2000 e 2015, na sua audição na comissão parlamentar de inquérito à CGD.
“Essa informação não estava disponível na Caixa Geral de Depósitos e não nos foi disponibilizada”, continuou a especialista da auditora que, aliás, tinha começado a sua audição parlamentar a alertar para o facto de haver informação a que a auditoria pode não ter chegado.
Há também um caso que está no Ministério Público, que se encontra na posse da documentação original do banco público. Sabe-se que Vale do Lobo é um negócio em que houve investigação judicial, tendo, inclusive, havido uma acusação a um ex-administrador do banco, Armando Vara, por conluio com o antigo primeiro-ministro, José Sócrates.
A resposta de Florbela Lima levou a deputada do CDS Cecília Meireles a questionar como é que, não havendo documentação de suporte sobre aqueles créditos, podem eles ser recuperados pelo banco público. Os nomes dos devedores em causa não foram revelados.
O incumprimento dos regulamentos internos na hora de dar créditos e a ausência de regras na atribuição de bónus aos administradores são algumas das conclusões do documento.
A audição de Florbela Lima é a primeira a realizar-se na segunda comissão de inquérito à gestão da CGD. Esta quarta-feira, segue-se a de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, e de Vítor Constâncio, seu antecessor, na quinta-feira.