O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, é perentório: "nos 25 grandes créditos que geraram perdas para a CGD, eu não participei". Em entrevista à SIC, nesta terça-feira, o governador sublinhou que as decisões que geraram perdas para a Caixa foram tomadas em conselho alargado de crédito "onde eu não participei e isso está demonstrado na auditoria da EY".
Carlos Costa começou por justificar na entrevista que "só ocasionalmente participava em conselhos alargados de crédito, porque não tinha competências no risco". A sua presença, diz, "destinava-se a assegurar o número de administradores necessários".
Tal como referiu em relação ao financiamento a Vale do Lobo, a sua concretização "não surgiu na génese da reunião onde estive presente, porque a operação que foi aprovada nada tem a ver com os princípios estabelecidos". Quanto ao crédito concedido à Investifino, do empresário Manuel Fino, que serviu para o financiamento da compra de ações da Cimpor em outubro de 2005 e julho de 2006, o governador afirma ter estado presente, porém, diz que os créditos relativos a estas operações, no valor de €144 milhões e de €28 milhões, foram reembolsados.
Quanto ao terceiro crédito concedido, em julho de 2005, no valor de €180 milhões, e que gerou perdas para a CGD de €138 milhões, Carlos Costa diz não ter estado presente, embora a sucessão destes créditos tenham seguimento.
Fez questão em sublinhar que durante o tempo em que foi administrador da CGD, ou seja, entre 2004 e 2006, "nunca" presenciou" qualquer atitude ou qualquer movimento que lesasse os interesses da Caixa do ponto de vista da concessão de crédito". Isto porque, como disse, as operações de financiamento a Manuel Fino foram pagas em 2009, enquanto a única que gerou perdas não contou com o seu envolvimento. O mesmo se passou com Vale do Lobo, alega. O governador do Banco de Portugal diz ter estado numa primeira reunião, mas as condições para a concretização do negócio foram alteradas quando esta foi aprovada. Por esta circunstância, argumenta não ter culpa nas perdas que veio a gerar.
Questionado sobre a sua idoneidade, Carlos Costa garante: esta operação “não põe em causa o meu papel de governador”.
(Em desenvolvimento)
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