Cumprir ou não cumprir as regras divide a zona euro em três grupos: os bons alunos, a maioria, onde hoje em dia se podem encontrar três dos resgatados (Chipre, Grécia e Irlanda), o clube dos maus alunos (o trio formado por Espanha, França e Itália), e os assim-assim, que cumprem parcialmente as regras, onde se situam a Bélgica, Eslovénia e Portugal.
Estes seis últimos receberam de Bruxelas uma carta pedindo esclarecimentos sobre desvios às regras, com Itália na mira da Comissão Europeia, apesar da disposição para o diálogo manifestada pelo comissário europeu Pierre Moscovici, o encarregado em Bruxelas dos Assuntos Económicos e Financeiros.
A dinâmica das economias da zona euro pode ser avaliada por três indicadores principais: crescimento, dívida e saldo orçamental e aquilo que permite classificá-las não é tanto os resultados que apresentam, mas o ritmo a que estão a aproximar-se (ou a afastar-se) das metas definidas por Bruxelas.
No plano do crescimento económico, o Fundo Monetário Internacional, nas previsões publicadas em outubro no World Economic Outlook, aponta para um crescimento médio da zona euro de 1,9% em 2019. O Banco Central Europeu é um pouco mais pessimista, projetando 1,8%, nas previsões publicadas na reunião de setembro. Apenas quatro economias nas 19 crescerão a um ritmo inferior, divergindo da média: Bélgica, Finlânida, França e Itália. Portugal regista uma previsão de 2,2%.
Quanto ao nível de dívida pública, permanecem acima de 100% do PIB, quatro economias: Bélgica (100%), Portugal (118,5%), Itália (130%) e Grécia (170%). Mas, no caso de Itália, a carta de Bruxelas enviada na semana passada sinaliza que não há perspetiva de redução. E, quanto a França, um estudo da Comissão revela que a dinâmica da dívida aponta para uma subida para um pico de mais de 100% em 2028 (em 2018 deverá situar-se em 98,7%).
Nas contas públicas, França e Itália sobem o défice orçamental em relação ao PIB em 2019, quando o deveriam baixar. Portugal destaca-se por o reduzir para perto do equilíbrio orçamental. Espanha, França e Itália continuam com défices acima de 1% do PIB em 2019.
Um estudo da Comissão prevê que a França não consiga ter um orçamento equilibrado em 2021. No esforço de redução do saldo estrutural (corrigido dos efeitos do ciclo económico e sem medidas pontuais) exigido pelas regras europeias, há desvios significativos nos casos de Itália e Eslovénia, que agravam o défice estrutural em 2019. Espanha, Bélgica, França e Portugal não fazem o esforço suficiente para chegarem ao objetivo de médio prazo fixado.
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