Economia

Sumol+Compal com vendas estagnadas e lucros em queda em 2017

Angola penaliza negócio e gera incerteza no exercício da Sumol+Compal em 2018

Sumol+Compal com vendas estagnadas e lucros em queda em 2017

Catarina Nunes

Jornalista

A Sumol+Compal manteve o volume de negócios praticamente estagnado em 2017, com uma ligeira variação de 0,1% para 356,1 milhões de euros. Os lucros líquidos da empresa portuguesa multinacional de bebidas não-alcoólicas atingiram os 9,2 milhões de euros, o que representa um decréscimo de 12,4 % em relação aos 10,5 milhões de euros registados em 2016.

"O recuo verificado em relação ao ano anterior tem incorporado o impacto de 0,3 milhões de euros resultante da aplicação, no exercício de 2017, do IAS 29 (International Accounting Standard ), que considera a economia angolana como hiperinflacionária", justifica a empresa em comunicado. Isto é o reflexo da decisão conjunta das grandes empresas internacionais de auditoria, assente nos dados quantitativos apresentados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de considerar Angola uma economia hiperinflacionária, em 31 de dezembro de 2017. Consequentemente, o IAS 29 foi aplicado no exercício de 2017, às entidades cuja moeda funcional é o kwanza angolano e como se a economia sempre tivesse sido hiperinflacionária.

As vendas totais da empresa de bebidas não alcoólicas, que comercializa as marcas com a mesma denominação, entre outras, ascenderam a 347,7 milhões de euros, com as vendas em Portugal a crescerem 2,3% para os 251,7 milhões de euros. A diferença de €8,4 milhões das vendas totais para o volume de negócios de €356,1 milhões traduzem o negócio de prestação de serviços à Lipton e à Pepsi, marcas que são distribuídas pela Sumol+Compal. Os resultados operacionais (EBIT) do grupo, por seu lado, decresceram 13,7% para os 31,1 milhões de euros.

Nos mercados internacionais, as vendas atingiram um total de 96 milhões de euros, o que representa um decréscimo de 4,2% face ao obtido no ano anterior. Esta descida é justificada pelo desempenho no mercado angolano, onde as vendas líquidas diminuiram 10,3% para os 60,6 milhões de euros. Em Moçambique, o negócio cresceu 27,6% para 5,7 milhões de euros. Este crescimento teve por base o desenvolvimento da marca Compal, em Moçambique bem como na exportação para mercados adjacentes, como por exemplo a África do Sul.

A Unidade de Mercado de Exportação apresentou um volume de negócios de 28,3 Milhões de euros, o que representa um crescimento de 5,2 por cento face ao ano anterior. Este crescimento foi suportado pela performance das vendas nos mercados europeu que cresceram em valor 8,3%, respetivamente. As vendas realizadas nos mercados internacionais representam 27,6% das vendas totais, com vendas para mais de 70 países.

Duarte Pinto, CEO da Sumol+Compal, considera que a empresa que dirige teve um desempenho positivo no exercício de 2017, " apesar de algumas condicionantes nos mercados, como foi o impacto do Imposto Especial de Consumo às bebidas adicionadas de açúcar, havendo a destacar os comportamentos positivos tanto da atividade nacional, como na generalidade dos mercados externos em que estamos presentes". Em relação ao exercício deste ano, a empresa sustenta que há dois factores de risco: "o primeiro tem a ver com razões fiscais, designadamente um aumento injusto e injustificado da carga fiscal imposta às bebidas adicionadas de açúcar ou outros edulcorantes, que compõem o portfólio de produtos da Sumol+Compal, podendo levar a uma alteração de hábitos de consumo".

O segundo fator de apreensão prende-se com o desenvolvimento da atividade da Sumol + Compal em Angola. "A manutenção e crescimento do seu nível de atividade depende da evolução económico-financeira do país, em particular da disponibilidade de divisas. Isto quer dizer que a Sumol+Compal Angola só manterá e desejavelmente aumentará o seu volume de negócios se conseguir obter divisas para pagar os fornecimentos de matérias-primas, materiais de embalagem, equipamentos ou serviços que são críticos para o funcionamento da empresa e que não estão disponíveis localmente", alerta em comunicado, rematando que "tendo em conta a elevada incerteza que caracteriza os dois fatores acima apresentados, entendemos não ser aconselhável a divulgação da previsão da evolução do volume de negócios e da rendibilidade operacional".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: CNunes@expresso.impresa.pt

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