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A mais espetacular ação de sabotagem dos tempos da ditadura

UM TIRO NA ASA DA DITADURA. A destruição provocada pelas explosões no principal hangar da Base Aérea de Tancos
UM TIRO NA ASA DA DITADURA. A destruição provocada pelas explosões no principal hangar da Base Aérea de Tancos
FOTO FORÇA AÉREA PORTUGUESA

Quatro homens, um volkswagen “carocha” e uma chave copiada com recurso a uma barra de sabão. Os explosivos iam escondidos por baixo de caixas de frutas. As fardas militares que serviam de disfarce tinham sido ajustadas ao corpo pelas mulheres horas antes, numa casa alugada só para preparar a operação. Nome de código: “Águia Real”. Passavam vinte minutos das três da manhã quando tudo foi pelos ares. Foi a mais espetacular ação de sabotagem dos tempos da ditadura, fez este mês 45 anos

Às primeiras horas do dia 8 de Março de 1971, uma sequência de mais de 20 explosões destruiu o principal hangar da Base Aérea n.º 3, em Tancos, no coração do maior polígono militar do país. No interior estavam 28 aviões e helicópteros da Força Aérea, que ficaram praticamente destruídos. A espetacular sabotagem – a maior perpetrada em território nacional contra as guerras coloniais em Angola, Moçambique e Guiné – foi conduzida por um comando clandestino da ARA, a Acção Revolucionária Armada, o braço guerrilheiro do PCP.

O audacioso comando da ARA é constituído por quatro elementos. A coordenação pertence a Raimundo Narciso, que usa normalmente o pseudónimo “Luís”, o único que está na clandestinidade. Os dois bombistas –que penetram no hangar, instalam as cargas explosivas e fazem deflagrar o sistema – são Carlos Coutinho e Ângelo de Sousa. Com os pseudónimo “Tavares” ou “Miguel”, Ângelo trabalha na própria base aérea, onde cumpre o serviço militar obrigatório. Natural de Espinho, ex- empregado bancário, 23 anos, é cabo miliciano e está a completar um curso de piloto de helicópteros ministrado por instrutores franceses.

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