“É bom fazer uma pausa do telemóvel, não é”? No último dia da estadia da família Ratliff, uma das funcionárias do Four Seasons Resort Koh Samui, na Tailândia, vem devolver o saco cheio dos pequenos aparelhos, proibidos naquela estância paradisíaca, que desligaram os ricalhaços “White Lotus” do mundo durante uns dias. Agora, depois do mais longo episódio da série, vão de volta para a América de Trump. A resposta à pergunta vem tremida, a suar, do pai de família Timothy Ratliff, prestes a retirar as sementes do fruto venenoso da região (da árvore Pong Pong) para se suicidar e levar com ele (quase) todos os outros membros. “Sim, sim, mas pode levá-los de volta.” Agora que termina a terceira temporada, ficamos com a certeza de que o autor Mike White já não quer só fazer pouco de quem tem muito. Quer examiná-los até ao osso, dar-lhes algum tipo de redenção, ter piedade e, no fim, presentear alguns com um tiro à queima roupa. É um homem de muito pouca fé. Tudo sem que os hóspedes tenham grande contacto com o exterior, tarefa dura para todos nós, tão colados ao ecrã que estamos, e que obriga a que olhemos de frente para o destino. Fica mostrado que se, de facto, levantarmos a cabeça, coisas más vão acontecer. Chama-se “realidade”. Segundo a Max, o último episódio foi o mais visto e com ele trouxe a resolução de algumas pontas soltas nos diferentes ‘plots’ mas manteve o ritmo de lume brando, tão maldito para críticos e público, tão raro numa era frenética de televisão algorítmica com medo de afastar o espectador. A Tailândia pediu (e pede-nos?) a estas personagens que se recentrassem e descobrissem a sua identidade. No entanto, depois do banho de sangue premeditado, dizemos que: não, a pausa não foi boa. Foi fatalmente irónica. Quanto à busca interior? Recomenda-se que continue na quarta temporada.
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