Uma pequena vila piscatória, localizada na Costa Norte da ilha açoriana de São Miguel, é descrita na nova série da Netflix como um lugar onde “nunca acontece nada de jeito”. Não se enganaram os ditados populares quando recomendaram nunca dizer nunca, porque o que é facto é que algo aconteceu, sem que se conseguisse prever. O mesmo vento que habitualmente conduzia a maré, naquele dia, empurrou também um veleiro sem dono à vista, com tudo o que carregava. Em Rabo de Peixe, naufragaram tantos “tijolos de branca” que o peso total da substância em pó chegaria a quase meia tonelada - que se saiba, pelo menos.
O calendário circunda dia 6 de junho de 2001. Poucos eram os que sabiam do que se tratava a mercadoria que ali desembarcava, e que viria abastecer as casas modestas dos rabo-peixenses. Dizem as vozes do povo que a usaram como farinha para fritar o peixe ou açúcar para adocicar o café. Uma zona vulcânica, salpicada de pedrinhas negras das montanhas, passou ser banhada em areia branca – era cocaína pura.
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